Elefanta desembarca em Viracopos para ganhar lar em santuário brasileiro
Ramba, de 53 anos, vem do Chile para, pela primeira vez, ter companhias da mesma espécie; aeroporto faz operação especial
O Aeroporto Internacional de Viracopos vai receber sua primeira passageira elefanta. Ramba vem de Santiago, no Chile, para chegar a Campinas entre as 5h e as 7h do dia 16 de outubro. Do interior paulista, ela segue de caminhão para o Santuário de Elefantes na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, por caminhão, em uma jornada que dura aproximadamente dois dias.
O animal chega em um contêiner adaptado especialmente para o transporte, na área do terminal de cargas do aeroporto. A vinda da elefanta para o Brasil é planejada há pelo menos dois anos. Ramba, que hoje tem aproximadamente 53 anos, foi resgatada de um circo onde passou boa parte de sua vida, o Las Tachuelas, em meio a denúncias de abusos.
A jornada
A vida da gigante de 3 600 quilos começou a mudar em 1997, quando o Ministério Público do Chile determinou que o circo que usava a animal não poderia mais colocá-la em apresentações. No entanto, ela continuou com os mesmos donos, até que foi resgatada pela ONG Ecopolis em 2011. A entidade cuida de animais silvestres, mas nunca havia lidado com um elefante.
Foi quando o Santuário dos Elefantes entrou em cena. Os chilenos pediram ajuda à organização que hoje tem sede no centro-oeste brasileiro, mas é originária do Tennessee, nos Estados Unidos, onde também há um local assim. Ramba vivia sozinha, sem o convívio de outros de sua espécie. Começou-se a desenhar a ideia de levá-la pela primeira vez para junto de seus iguais.
Com a chegada de uma sede no Brasil em 2012, mudou-se a rota para o centro-oeste. O plano do novo lar começou a se desenvolver definitivamente em 2017. “Nos EUA o Santuário começou a arrecadar com um financiamento coletivo, e a sede aqui no Brasil também”, lembra Valeria Mindel, voluntária da organização.
Neste ano saiu finalmente a licença do Ibama que autorizava a vinda de Ramba, que quando chegar em solo mato-grossense terá a companhia de outras duas elefantas, também ex-circenses e da mesma faixa etária. “O contêiner que vai ser usado por ela é especial e foi utilizado também no resgate das outras animais”, lembra Valeria.
O item está a caminho da cidade de Rancagua, no Chile, onde a elefanta deve se adaptar ao meio de transporte e entrar no contêiner por vontade própria. “São alguns dias de adaptação”, conta a voluntária. Depois segue para Santiago, que fica a 90 quilômetros do município.
Uma vez embarcada no aeroporto da capital chilena, são aproximadamente 5 horas de voo até Campinas, e depois mais dois dias de viagem terrestre até a Chapada.
Além do financiamento coletivo, o Santuário contou com ajuda de empresas, como a Porto Seguro, que vai disponibilizar um guincho para levar a elefanta do interior paulista até a Chapada. O aeroporto de Viracopos colaborou com a isenção de taxas alfandegárias para a vinda do animal.
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