Dr. Pet: o adestrador do IBOPE
Tratando de cães depressivos, ansiosos e agressivos, o zootecnista Alexandre Rossi eleva a audiência da Record com o quadro Dr. Pet
Reeducar bichos com comportamento destrutivo e ensinar seus donos a impor limites. Com essa fórmula, o paulistano Alexandre Rossi, de 36 anos, tem feito sucesso à frente do quadro Dr. Pet, no programa Domingo Espetacular, da Record. O zootecnista especializado em comportamento animal alcançou 12 pontos no ibope no último domingo (11), o que equivale a cerca de 700 000 televisores ligados no país. Não é pouca coisa. No mesmo horário, as atrações comandadas por Silvio Santos no SBT rondaram os 10 pontos, enquanto as estreladas pelo global Fausto Silva bateram 18 pontos. A exemplo de O Encantador de Cães, do adestrador mexicano Cesar Millan (exibido no Brasil pelo canal pago Animal Planet), Rossi, que se apresenta como psicólogo de cachorros, busca soluções para as neuroses dos bichos. Ele nega ter copiado o programa do mexicano. “Sempre tratei de cães dessa maneira”, diz ele. “A diferença é que estou na televisão há menos tempo.”
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Rossi começou a atender casos como o do dogue alemão Boris, que passou a se automutilar depois que a família se mudou de uma casa grande para uma menor, em 1998. Sempre em domicílio. “O que faço é uma espécie de terapia familiar”, explica. “Não dá para mudar os hábitos de um cão sem a participação dos donos.” Com faro apurado para negócios, montou uma rede de adestradores franqueados para dar conta da cachorrada problemática. Hoje, através da empresa Cão Cidadão, Rossi comanda uma equipe de 33 especialistas, que cobram, em média, 50 reais por sessão de adestramento e 200 reais por consulta (com direito a dois retornos). Ele fica com 30% do valor arrecadado pelos colegas. Um diagnóstico preparado com o doutor estrela custa bem mais caro: 800 reais – o preço de um filhote da raça maltês.
O psicólogo de animais chegou à televisão fazendo uma ponta no extinto Late Show, da Rede TV!. Antes de ingressar na emissora do bispo Edir Macedo, passou pela Cultura, Bandeirantes e Globo. Afirma embolsar cerca de 20 000 reais por mês com cachês, palestras e direitos autorais de DVDs e livros. Adestramento Inteligente é o mais conhecido entre os quatro que escreveu. No livro, que já vendeu 90 000 exemplares – o lançamento de uma nova edição está prometido para quinta-feira (22), na Livraria Saraiva do Shopping Pátio Higienópolis -, Rossi defende o chamado adestramento positivo, em que se obtém a obediência por meio de recompensas, como comida e afagos. Foi assim que ele educou a cadela Sofia, uma vira-lata que aprendeu a acionar um teclado com opções de imagem para expressar desejos, como comer e passear. Alçada à fama ao atuar como mascote de Rossi na TV, a cadela saiu de cena por determinação da ex-mulher do adestrador, que ficou com o animal após o divórcio. “Abri mão da Sofia em respeito ao afeto dela pela minha ex-mulher.”
Rossi se diz pouco à vontade diante dos holofotes e rechaça o título de celebridade. “Tenho espinhas no rosto, minha voz é rouca e estou ficando careca”, exagera. “Não faço nada do que se espera de um famoso.” Atualmente, Rossi divide um flat de 43 metros quadrados, em Pinheiros, com a vira-lata Estopinha, a substituta de Sofia na TV. “Ela é minha companheira de todas as horas, a única que me deixa dormir até as 11 da manhã e me faz companhia até as 3 da madrugada, quando consigo pegar no sono.”