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Após promessa, Doria oficializa intenção de concorrer ao governo

O discurso do prefeito rebateu as críticas de que ele poderá deixar precocemente o cargo

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 13 mar 2018, 10h33 - Publicado em 13 mar 2018, 10h23
O discurso do prefeito rebateu as críticas de que ele poderá deixar precocemente o cargo. Ele se disse "sensibilizado" e atribuiu o movimento à "militância do PSDB" (TOM VIEIRA FREITAS/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO/Veja SP)
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Um ano e dois meses após assumir o comando da maior cidade do País, ancorado por um discurso de gestor e não político que lhe garantiu uma vitória inédita no primeiro turno, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), confirmou nesta segunda-feira, 12, que pretende renunciar ao cargo no mês que vem para disputar o governo do Estado. Mesmo tendo prometido diversas vezes cumprir seu mandato de quatro anos, o tucano formalizou a pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes em um ato político na capital.

O prefeito vai participar, no próximo domingo, da prévia para definir o candidato da legenda. Além de Doria, estão na disputa o suplente de senador José Aníbal, o cientista político Luiz Felipe d’Ávila e o secretário estadual de Desenvolvimento Social Floriano Pesaro.

A decisão de Doria foi anunciada em um evento organizado para dar um caráter de aclamação da militância. A inscrição do tucano nas prévias foi feita com 1.791 assinaturas de delegados do PSDB no Estado.

O discurso do prefeito foi formatado para rebater as críticas de que ele poderá deixar precocemente o cargo. Ele se disse “sensibilizado” e atribuiu o movimento à “militância do PSDB”. “Não pedi a ninguém, não convidei e não reivindiquei. Mas estou aqui”, afirmou.

Se vencer a disputa interna, Doria será o segundo tucano eleito prefeito de São Paulo a deixar o mandato para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Em 2006, José Serra fez esse caminho e foi eleito governador (mais informações nesta página). Na época, porém, Serra não teve o nome submetido a uma prévia e gozava de uma taxa de aprovação superior à de Doria – 42% ante atuais 29%.

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Quando questionado por aliados se repetirá Serra, Doria foge da comparação com o argumento de que não entregará o governo a outro partido. O vice-prefeito Bruno Covas – neto do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo Mario Covas – é visto hoje como “fiador” e principal articulador da pré-campanha de Doria no PSDB.

“Nossa gestão sempre foi coletiva, não individual. É a soma de trabalho do Bruno Covas e João Doria”, disse o prefeito.

Após um discurso exaltado para a plateia que lotou o diretório, Doria foi questionado por jornalistas se seu projeto tem aval do governador Geraldo Alckmin. “Não é preciso aval do governador. É preciso aval do PSDB. O governador respeita a decisão partidária”, afirmou.

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Aliados do prefeito devem pedir a Alckmin que tente convencer os outros pré-candidatos a desistir da disputa, como forma de pacificar a legenda. O governador, no entanto, tem resistido à ideia para não interferir na disputa interna do partido.

Alckmin

A entrada de Doria, porém, deve “nacionalizar” a disputa tucana em São Paulo. Depois de passar boa parte de seu primeiro ano de mandato tentando se colocar como opção ao Planalto, deixando o comando da cidade para viajar pelo País, Doria agora quer provar que sua candidatura pode agregar apoios a Alckmin.

O prefeito articula uma chapa com o PSD na vice e tenta atrair DEM e MDB. Mas, até agora, apenas a aliança com o PSD está fechada – o ministro e ex-prefeito Gilberto Kassab poderá ser o candidato a vice. Paulo Skaf (MDB) diz que não vai abrir mão de disputar o Bandeirantes. O DEM também pleiteia a candidatura a vice. “Fechamos um acordo nacional e em São Paulo com o PSD”, disse Doria.

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O tucano também minimizou a possibilidade de a base de Alckmin ter dois palanques em São Paulo. Um do PSDB e outro do vice-governador, Márcio França (PSB). “Palanque duplo já foi feito em outras campanhas. Não há problema nenhum. Tenho respeito por ele (França). Teremos uma disputa elevada e construtiva. O grande adversário de São Paulo é o PT. Tenho falado com ele (França). Nossos canais estão abertos.”

O ato teve a presença de secretários municipais, vereadores, deputados federais e estaduais. Aliados e militantes vestiam camisetas com a inscrição “Dória governador”, grafada equivocadamente com o acento agudo.

Serra

Doze anos depois, a cidade de São Paulo vê novamente a possibilidade de o prefeito deixar o cargo para alçar voos mais ambiciosos. Em 2006, o tucano José Serra saiu da Prefeitura no meio do mandato para se candidatar ao governo de São Paulo.

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Eleito prefeito em 2004 após derrotar Marta Suplicy, Serra foi criticado por usar a Prefeitura como “trampolim”, o que ele negou. No entanto, após cumprir pouco mais de um quarto do mandato, entregou o cargo.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo de 2 de abril de 2006, Serra citou Tancredo Neves, que deixou o governo de Minas para disputar a Presidência, e Franklin Roosevelt, que prometeu às mães americanas que seus filhos não seriam mandados para lutar na Segunda Guerra, mas enviou tropas, para se justificar: “Seria absurdo dizer que Tancredo ou Roosevelt faltaram com a verdade. As circunstâncias mudaram e mudam o destino da política”.

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