“Oceanos” mostra fascinantes registros do fundo do mar
Animais marinhos são os principais protagonistas de documentário que surpreende o espectador
Embora tenha longa experiência como ator, o francês Jacques Perrin, intérprete do Totó adulto em “Cinema Paradiso”, vem construindo uma carreira singular de documentarista. Depois de “Migração Alada” (2001), uma fabulosa invasão na vida dos pássaros, Perrin retoma a parceria com seu conterrâneo Jacques Cluzaud para se dedicar aos animais marinhos. Dois anos de pesquisas e quatro de filmagens em cinquenta pontos do planeta, além de uma produção de 50 milhões de euros (cerca de 113 milhões de reais), resultaram em Oceanos, um trabalho de beleza excepcional.
Seguindo a linha de seu documentário anterior, Perrin dá pouca importância às palavras e muita às imagens. Após uma ingênua introdução de uma criança indagando o que seria o mar, o filme se abre em cenas de deixar a plateia boquiaberta. A escassez de informações não impede o espectador de se surpreender diante de um universo de criaturas muito estranhas. Sem um didático roteiro de começo, meio e fim, a história faz flagrantes em águas profundas, mas raspa também a superfície. Entre os registros de tirar o fôlego, enquadrados de forma impecável, estão o balé dos golfinhos, um cardume em formato de bola gigante, a aglomeração ruidosa de caranguejos e a esperteza dos leões-marinhos.
Na cópia lançada nos Estados Unidos foram cortados vinte minutos, felizmente preservados aqui. São os momentos, digamos, menos infantis, como a morte de tartaruguinhas recém-nascidas, o ataque dos gansos-patola aos peixes e o bote fantástico de um tubarão-branco. Ainda entram na seara dramática sequências da pesca predatória, motivo-denúncia para os realizadores levantarem a bandeira da preservação do meio ambiente.
AVALIAÇÃO ✪✪✪