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O que é a “data limite”, atribuída a uma profecia de Chico Xavier?

Previsão que teria sido feita pelo médium mineiro viralizou na internet e fez com que muita gente pensasse que o mundo pode acabar neste sábado (20)

Por Matheus Prado
Atualizado em 19 jul 2019, 15h53 - Publicado em 19 jul 2019, 15h52

Dia 20 de julho de 2019 marca o aniversário de 50 anos da ida do homem à Lua. Também representa, segundo algumas correntes espíritas, a data limite imposta por uma profecia de Chico Xavier.

Para alguns, a data representa o fim de uma era e a chegada de um novo momento para o planeta. Para outros, mais pessimistas, indicaria uma possível ruptura e consequente fim do mundo. Mas do que se trata realmente essa fronteira? O líder espírita realmente disse isso?

Tudo começou com a publicação de um artigo da médica e espírita Marlene Nobre, em maio de 2011, no jornal A Folha Espírita. Na peça, ela entrevista Geraldo Lemos, o então jovem que afirma ter ouvido a previsão em um encontro com Xavier, em 1986.

Foto, publicada na reportagem, mostra Chico e Geraldo juntos (Folha Espírita/Divulgação)

Na entrevista, Lemos revela a suposta profecia. “Nosso Senhor deliberou con­ceder uma mo­ra­tória de 50 anos à so­ci­e­dade ter­rena, a ini­ciar-se em 20 de julho de 1969 (data em que o homem pisou na Lua), e, por­tanto, a findar-se em julho de 2019. Or­denou Jesus, então, que seus emis­sá­rios ce­lestes se em­pe­nhassem mais di­re­ta­mente na ma­nu­tenção da paz entre os povos e as na­ções ter­res­tres, com a fi­na­li­dade de co­la­borar para que nós in­gres­sás­semos mais ra­pi­da­mente na co­mu­ni­dade pla­ne­tária do Sis­tema Solar, como um mundo mais re­ge­ne­rado, ao final desse pe­ríodo. Al­gumas po­tên­cias an­gé­licas de ou­tros orbes de nosso Sis­tema Solar re­ce­aram a di­lação do prazo extra, e foi então que Jesus, em sua sa­be­doria, re­solveu es­ta­be­lecer uma con­dição para os ho­mens e as na­ções da van­guarda ter­restre.

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Se­gundo a im­po­sição do Cristo, as na­ções mais de­sen­vol­vidas e res­pon­sá­veis da Terra de­ve­riam aprender a se su­por­tarem umas às ou­tras, res­pei­tando as di­fe­renças entre si, abs­tendo-se de se lan­çarem a uma guerra de ex­ter­mínio nu­clear. A face da Terra de­veria evitar a todo custo a cha­mada III Guerra Mun­dial. Se­gundo a de­li­be­ração do Cristo, se e so­mente se as na­ções ter­renas, du­rante este pe­ríodo de 50 anos, apren­dessem a arte do bom con­vívio e da fra­ter­ni­dade, evi­tando uma guerra de des­truição nu­clear, o mundo ter­restre es­taria enfim ad­mi­tido na co­mu­ni­dade pla­ne­tária do Sis­tema Solar como um mundo em re­ge­ne­ração. Ne­nhum de nós pode prever, Ge­ral­dinho, os avanços que se darão a partir dessa data de julho de 2019, se apenas sou­bermos de­fender a paz entre nossas na­ções mais de­sen­vol­vidas e cultas!”

Curioso sobre quais seriam as tais consequências, o jovem teria questionado o médium sobre o que aconteceria de fato com o mundo. “Ah! Ge­ral­dinho, caso a hu­ma­ni­dade en­car­nada de­cida se­guir o in­feliz ca­minho da Terceira Guerra Mun­dial, uma guerra nu­clear de con­sequên­cias im­pre­vi­sí­veis e de­sas­trosas, aí então a pró­pria mãe Terra, sob os aus­pí­cios da Vida Maior, re­a­girá com vi­o­lência im­pre­vista pelos nossos ho­mens de ci­ência. O homem co­me­çaria a Terceira Guerra, mas quem iria ter­miná-la se­riam as forças te­lú­ricas da na­tu­reza, da pró­pria Terra can­sada dos des­mandos hu­manos, e se­ríamos de­fron­tados então com ter­re­motos gi­gan­tescos; ma­re­motos e ondas (tsu­namis) con­se­quentes; ve­ríamos a ex­plosão de vul­cões há muito ex­tintos; en­fren­ta­ríamos de­gelos ar­ra­sa­dores que avas­sa­la­riam os polos do globo com trá­gicos re­sul­tados para as zonas cos­teiras, de­vido à ele­vação dos mares; e, neste caso, as cinzas vul­câ­nicas as­so­ci­adas às ir­ra­di­a­ções nu­cle­ares ne­fastas aca­ba­riam por tornar to­tal­mente ina­bi­tável todo o He­mis­fério Norte de nosso globo ter­restre”, teria dito Xavier.

O que se tira do artigo? Uma coisa é certa, a publicação gerou enorme polêmica entre seguidores do mineiro e a comunidade espírita. “Havia uma preocupação muito grande naquela altura com uma possível Terceira Guerra Mundial, e também com uma possível ameaça nuclear. Mas isso tem que ser visto como um momento cultural da época. O Chico nunca nunca falou de data limite, usaram uma conversa dele, não documentada, para criar essa teoria. O espiritismo não acredita em Deus vingativo”, afirma o administrador de empresas e escritor espírita Alexandre Caldini, que não tem certeza da veracidade do diálogo e condena o uso comercial do mesmo.

O termo data limite começou a ser utilizado de fato quando o documentário Data Limite Segundo Chico Xavier foi lançado em 2014 – tem 7 milhões de visualizações no YouTube. Na premissa da obra, baseada no relato de Lemos, “quando o homem pisou na Lua, em 20 de julho de 1969, aconteceu uma reunião com as potências celestes do sistema solar para verificar o avanço da sociedade humana no planeta Terra. Nela, a humanidade ganhou um prazo de 50 anos para evoluir moralmente e viver em paz, sem provocar a Terceira Guerra Mundial.

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Juliano Pozati, que co-produziu o documentário, conta que, por ser interessado um ufologia, a profecia lhe chamou atenção. Pesquisou muito sobre o tema e encontrou uma entrevista do médium ao programa Pinga Fogo em 1971, uma espécie de Roda Viva da finada TV Tupi. Xavier foi sabatinado por vários repórteres e, segundo, Pozati, já demonstrava ali preocupações com uma possível guerra nuclear.

Apesar disso, o empresário, que lançou um livro homônimo ao documentário em 2016, também não acredita na visão catastrófica da profecia. “A gente deu o nome de data limite porque indica o fim de um tempo e o início de outro. Não tem nada a ver com fim do mundo. O Chico disse que vencendo esse período moratório (os tais 50 anos) sem entrar numa guerra nuclear, a gente entraria num processo de aceleração dos avanços”, afirma Pozati.

Ambos concordam neste aspecto. Para eles, existe um entendimento que o mundo está começando a melhorar. “Se você observar as novas gerações, elas são muito mais abertas a questões sociais sensíveis, como as de gênero”, afirma Caldini. Pozati exemplifica, por outro lado, crianças que adotam o vegetarianismo por livre escolha.

Caldini indica ainda o que acredita, com base no espiritismo, ser o verdadeiro sentido da profecia. “Está chegando o momento da mudança, e se a gente não acelerar o passo, sofreremos por mais tempo devido aos nossos próprios atos. Os desastres naturais espelham isso”, finaliza.

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