Marca de cosméticos orgânicos cresce na pandemia e abre loja física em Pinheiros
Ahoaloe tem certificação em que produtos não podem ser transgênicos, testados em animais, ter aditivos químicos nem poluentes
As mulheres da família da internacionalista Larissa Pessoa, 32, usavam a aloe vera — também conhecida como babosa — em rituais de beleza. O gel que fica no interior da folha da planta hidratava os cabelos e a pele da empreendedora, depois que abusava do sol em dias de praia. “O que colocamos no corpo e alimentamos na mente influencia na nossa saúde”, explica Larissa sobre a linha natural que decidiu seguir nos últimos anos como estilo de vida e também na Ahoaloe, marca de cosméticos orgânicos que criou em conjunto com o marido, o engenheiro civil Rodrigo Lanhoso, 58. Lançada em uma feira no parque da Água Branca em 2016, só agora, no meio da pandemia, ganhou uma loja física.
Larissa diz que o Sérum Facial Revitalizante (117 reais) é o produto favorito dos clientes, e que os itens de skin care foram os mais vendidos na pandemia.
Também foi na quarentena que a Ahoaloe cresceu. Antes, o principal canal de vendas eram os revendedores de produtos naturais, que tiveram queda no faturamento no período. Como alternativa, Larissa e Rodrigo impulsionaram as redes sociais por meio de uma agência e tiveram um aumento de 700% nas vendas on-line.
De maio a outubro, o faturamento quase triplicou, segundo eles, que, no último trimestre, faturaram 800 000 reais — 30% no digital. “A busca pelo natural e sustentável não é apenas tendência, mas uma mudança de comportamento. A quarentena fez com que as pessoas questionassem a forma de consumir”, diz Larissa. Os empreendedores agora empregam dez funcionários e inauguraram em julho o primeiro endereço físico, com 150 metros quadrados, na rua Padre Carvalho, 57, em Pinheiros.
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Dois anos depois do lançamento, em 2018, todos os produtos da marca ganharam o selo da certificação pelo IBD (Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento). Os xampus, condicionadores, séruns, hidratantes, demaquilantes, óleos de massagem, óleos essenciais, tônicos, entre outros, passaram por uma inspeção de cada ingrediente das composições, alguns deles derivados de plantas amazônicas.
Os elementos não podem ser transgênicos, testados em animais, ter aditivos químicos, poluentes nem conter substâncias que agridam o corpo. “Não adianta só falar que é natural. Hoje o apelo do que é ‘verde’ é forte, mesmo a marca não seguindo isso. A certificação traz segurança para quem consome”, opina Larissa.
A iogaterapeuta Paula Fujii, 32, começou a buscar uma alimentação orgânica e depois exigiu que os cosméticos que usa também fossem. Ela usa os óleos essenciais e cremes da marca em seus atendimentos para ensinar aos alunos automassagens. “A Ahoaloe entra em sintonia com a mesma filosofia da ioga: ter um corpo limpo, saudável e conectado com a natureza. Eu valorizo os produtores que conseguem o selo IBD, porque não é fácil.”
O selo também foi o que atraiu o empreendedor Paulo Yamaçake, 33. Ele trocou a pasta de dentes comum pelo Gel Dental de Carvão (35 reais), feito com carvão vegetal, babosa e óleos essenciais de hortelã, pimenta, melaleuca e copaíba, que promete retirar manchas extrínsecas — aquelas provocadas pelo tabagismo, consumo de café e bebidas com corantes. Embora a Ahoaloe tenha uma linha masculina de barba, cabelo e bigode, a maioria dos clientes é de mulheres entre 25 e 50 anos.
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A marca possui uma plantação própria de mais de 20 000 metros quadrados de babosa em Vargem, interior de São Paulo, e a fábrica, Riquezas da Terra, fica em Carrancas, interior de Minas Gerais. O casal se inspirou em marcas orgânicas como Cativa Natureza e Weleda, misturadas ao conceito da marca britânica artesanal e vegetariana Lush. A sustentabilidade da marca foi pensada do plantio à embalagem dos cosméticos, feita com PET biodegradável — em vez de 500 anos para se degradar, o material demora apenas cinco — e outros materiais recicláveis, explica Larissa
Em 2019, a Ahoaloe começou a exportar os produtos para a Europa depois de um ano se adaptando às regulamentações na venda de cosméticos da região.
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Publicado em VEJA São Paulo de 09 de dezembro de 2020, edição nº 2716