Conheça seis novas cantoras da cidade
Intérpretes da MPB definem seu estilo do pop florestal ao romântico-defeituoso
A cada dia parecem nascer novas intérpretes de MPB no país. Durante um bom tempo, muitas delas moravam no Rio de Janeiro, onde eram maiores as oportunidades de deslanchar na carreira (uma das poucas exceções estelares foi Elis Regina, que viveu e morreu em São Paulo). Mas esse monopólio artístico carioca acabou. Hoje, uma parte dos nomes mais interessantes se encontra na cidade.
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Todas as moças, paulistanas ou aqui radicadas, estão no máximo no segundo disco. Em comum, possuem timbres doces, compõem boa parte das canções do repertório e começaram a chamar atenção em casas de show descoladas como o Studio SP. Várias já conquistaram público suficiente para sair do circuito alternativo e arriscar voos mais ousados em espaços maiores, como os palcos dos Sescs e do Auditório Ibirapuera.
Tiê, 31 anos
Ex-modelo com nome de pássaro bolado pela mãe hippie, é neta de Vida Alves, atriz que deu o primeiro beijo da TV brasileira. Cantou em bares e começou profissionalmente ao lado de Toquinho em 2004. Tem dois CDs — “Sweet Jardim” (2009) e “A Coruja e o Coração” (2011). O seu primeiro show mais autoral foi em formato de cabaré no Vegas. Depois disso, fez apresentações no Studio SP, onde ainda comparece. Lançou seu segundo disco no Auditório Ibirapuera em abril.
Como define seu som: “Romântico urbano. Falo de amor e cotidiano”
Referências: “No primeiro disco, Tom Waits e Leonard Cohen. No segundo, Johnny Cash e Beatles”
Uma canção do repertório: “’Pra Alegrar o Meu Dia, de A Coruja e o Coração’. Gosto dela porque é leve e divertida”
Juliana Kehl, 34 anos
Irmã mais nova da psicanalista Maria Rita Kehl, Juliana começou a cantar aos 15 anos, no coral da escola, e chegou até a fazer com o grupo uma apresentação no Carnegie Hall, em Nova York. Formou-se em artes plásticas e voltou à música em 2004. Lançou seu primeiro disco em 2009. Exibe-se em lugares como o Bourbon Street e o Studio SP.
Como define seu som: “MPB contemporânea, uma ponte entre o que é tradicional e o que é atual”
Referências: “Gal Costa, Cat Power, Fiona Apple, Françoise Hardy…”
Uma canção do repertório: “Rede de Varanda. É a que toca no rádio, rendeu videoclipe e resume o espírito pop do disco”
Tulipa Ruiz, 32 anos
Filha de Luiz Chagas, guitarrista de Itamar Assumpção, Tulipa cresceu em São Lourenço (MG) e se mudou para São Paulo em 2000 para fazer faculdade. Também é desenhista e tem um disco lançado, “Efêmera” (2010). As maiores salas em que se exibiu na cidade foram o Teatro do Sesc Vila Mariana, o Auditório Ibirapuera e o Memorial da América Latina.
Como define seu som: “Pop florestal, brinco. A minha música é de alguém que veio de uma cidade pequena para uma grande e recebeu, na mudança, muita informação”
Referências: “Grupo Rumo, Ná Ozzetti, Joni Mitchell, Yoko Ono, Manoel de Barros, Robert Crumb…”
Uma canção do repertório: “’Efêmera’. Ela fala da importância do agora, que é o que vale”
Luísa Maita, 29 anos
Filha do cantor e compositor Amado Maita (1948-2005), Luísa tentou fazer dança e teatro, mas acabou mesmo na música. Nos primórdios, atuou em barzinhos e num coro religioso judaico. Em 2010, veio o primeiro CD, “Lero-Lero”. O Studio SP e a Choperia do Sesc Pompeia já receberam a moça.
Como define seu som: “Tem influências nordestinas, do samba e do pop”
Referências: “Meu pai, meu tio Daniel Taubkin, além de Michael Jackson, Tom Jobim, Nana Caymmi, Egberto Gismonti, Milton Nascimento, entre outros”
Uma canção do repertório: “’Lero-Lero’. É a primeira do disco e foi a última que compus”
Karina Buhr, 36 anos
Fundadora do Comadre Fulozinha, grupo influenciado por ritmos nordestinos como o coco e o maracatu, a moça baiana criada em Pernambuco, de sotaque carregado, se mudou para São Paulo em 2003 para atuar como atriz no Teatro Oficina. No ano passado, veio o seu primeiro álbum-solo, “Eu Menti pra Você”, que escapava da pegada regional e se abria a estilos como o reggae, o funk e, para não renegar o passado carnavalesco, a marchinha.
Como define seu som: “Romântico-defeituoso”
Referências: “O Carnaval de Pernambuco. Ter tocado em maracatus e afoxés e participado da festa foi algo que ajudou a definir o meu tipo de música”
Uma canção do repertório: “Não conseguiria escolher uma entre as treze do disco. Talvez ‘Eu Menti pra Você’, que tem um título bacana”
Blubell, 33 anos
Aos 16 anos, Bel Garcia, a Blubell, já abria show do Ira!, no extinto Aeroanta, com sua banda de rock. Elogiada recentemente por Marisa Monte, lançou dois discos: “Slow Motion Ballet” (2006) e “Eu Sou do Tempo em que a Gente Se Telefonava” (2011).
Como define seu som: “Um pouco de jazz, um pouco de pop”
Referências: “Não gosto de citar nomes, pois pode ficar superficial, mas hoje à tarde ouvi um disco antigo do Ronnie Von”
Uma canção do repertório: “’Música’, que abre o segundo disco. Remete a um jazz dos anos 20 e 30 e tem uma coisa meio teatral”