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Títulos de clubes da cidade sobem até 308% nos últimos dez anos

Integrar associações como o Esporte Clube Pinheiros, o Paulistano e A Hebraica ficou bem mais caro

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 18h39 - Publicado em 13 ago 2010, 23h00
Clubes 2178
Clubes 2178 (Pablo de Sousa/)
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Fundado em 1899 pelo alemão Hans Nobiling — inicialmente como Sport Club Germânia e desde 1942 com o nome atual —, o Esporte Clube Pinheiros é um dos mais concorridos da capital. “Como temos um espaço físico pequeno, não podemos ampliar nosso número de associados”, diz Antonio Moreno Neto, o presidente da associação, instalada no Jardim Europa. Por causa disso, o clube, hoje com 36 600 frequentadores, restringiu a venda de títulos a filhos e cônjuges de sócios.

Atualmente, há 1 950 vagas disponíveis, ao custo de 14 000 reais cada uma, que podem ser pleiteadas até este sábado (14). “Recebemos mais de 2 300 pedidos”, conta Neto. “Os membros mais antigos terão prioridade.” Para quem planeja ingressar no Pinheiros e não tem nenhum parente nele, resta apenas a hipótese de comprar o título de algum associado. Os preços giram em torno de 20 000 reais, e o interessado ainda precisa pagar uma taxa de transferência de 21 685 reais, cobrada pela diretoria.

Não é pouca coisa. Dez anos atrás, a mesma taxa era, em média, de 2 250 reais e a direção do clube exigia o pagamento de mais 9 600 reais. Somados, os valores cobrados atualmente cresceram perto de 250%, contra uma alta de 90% no índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA), o termômetro oficial da inflação. Apesar da valorização, como a maior parte do dinheiro fica com o clube mesmo, comprar um título pensando em ganhos futuros não é uma boa.

O Pinheiros não foi o único que encareceu nos últimos dez anos. Criada em 1953 pela comunidade judaica paulistana, a Hebraica vende hoje títulos familiares por 31 590 reais, já com a taxa de transferência inclusa — em 2000, eles saíam por 7 750 reais, o que corresponde a uma diferença de quase 308%. Instalada no Jardim Paulistano, em frente ao Rio Pinheiros, a sociedade é utilizada por 25 000 pessoas — 95% das quais seguidoras do judaísmo. Seu estatuto não prevê uma quantidade-limite de integrantes. “Graças a essa regra, evitamos o comércio paralelo de títulos”, diz o presidente da Hebraica, o advogado Arthur Rotenberg. Quem optar por adquirir um título diretamente com um sócio terá de arcar ainda com uma taxa de cerca de 16 000 reais paga ao clube.

Inaugurado há cinquenta anos, o Paineiras do Morumby adota a mesma política. Atualmente com 22 000 frequentadores, cobrava 15 000 reais pelo uso de suas piscinas e demais instalações dez anos atrás. Hoje, entrar no clube sai por 23 500 — ou cerca de 57% a mais —, e esse valor também é cobrado de quem compra o título de algum associado.

Fundado em 1900, no Jardim América, o Paulistano é, ao lado do Harmonia, no mesmo bairro, reduto de alguns dos mais tradicionais sobrenomes de São Paulo. Poderá ter em breve como sócio o jogador Ronaldo Fenômeno, do Corinthians, que não tem exatamente tal perfil. Ele pleiteia a compra de um título com a bênção de Antonio Carlos Vasconcellos Salem, o presidente da entidade. O atacante pretende incluir como dependentes a mulher, Bia Antony, suas filhas com ela, Maria Sophia e Maria Alice, e o primogênito, Ronald, fruto do casamento com Milene Domingues. Ele terá de desembolsar 5 000 reais pelo título e 180 000 reais pela transferência, ou 80% a mais do que era cobrado dez anos atrás.

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Engana-se quem pensa que basta ter dinheiro para entrar nos mais fechados clubes da cidade. Neles, os aspirantes a sócio devem se submeter a rigorosos processos seletivos. Na Hebraica, por exemplo, a adesão de um novo associado precisa ser defendida por dois sócios, dois diretores e dois conselheiros da instituição. A decisão final, no entanto, cabe a uma comissão ligada à presidência, que estuda o passado e o perfil do candidato. “Só aceitamos pessoas já conhecidas em nossa comunidade”, explica o presidente Rotenberg.

No Paulistano, antes de passar pelo crivo dos diretores, o postulante deve ser indicado por dois membros com mais de dez anos de casa e ter referências favoráveis de outros cinco. A seleção poderá ser ainda mais criteriosa no futuro. “Como não temos problemas de caixa, planejamos parar de vender títulos a partir do ano que vem”, avisa Ricardo Garrido Júnior, um dos diretores do Paulistano.

A HebraicaAumento de 308%

Número de associados: 25 000

Mensalidade: 450 reais (casal)

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Valor do título há dez anos: 7 750 reais (familiar)

Quanto o título custa hoje: 31 590 reais (familiar)

Para entrar no clube: o interessado deve ser indicado por dois associados, dois diretores e dois conselheiros. A decisão fi nal cabe a uma comissão ligada à presidência, que estuda o passado e o perfil do candidato

 

Esporte Clube PinheirosAumento de 252%

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Número de associados: 36 600

Mensalidade: 232 reais (individual)

Valor do título há dez anos: em média, 2 250 reais (individual). Era cobrada ainda uma taxa de transferência de 9 600 reais

Quanto o título custa hoje: Cerca de 20 000 reais (individual).A taxa de transferência agora é de 21 685 reais

Para entrar no clube: três membros da agremiação precisam defender a adesão de um novo associado. Em seguida, o postulante a sócio é convocado para uma entrevista com os diretores, que têm a palavra final

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Clube Athletico Paulistano

 Aumento de 80%

Número de associados: 25 000

Mensalidade: 429 reais (familiar)

Valor do título há dez anos: 2 500 reais (familiar). Cobrava-se uma taxa de transferência de 100 000 reais

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Quanto o título custa hoje: 5 000 reais (familiar). A taxa atual de transferência é de 180 000 reais

Para entrar no clube: o aspirante deve ser indicado por dois membros com mais de dez anos de casa e ter referências favoráveis de outros cinco. Depois, deve passar pelo crivo da diretoria da agremiação

 

Clube Paineiras do Morumby

 Aumento de 57%

Número de associados: 22 000

Mensalidade: 442 reais (casal)

Valor do título há dez anos: 15 000 reais (familiar)

Quanto o título custa hoje: 23 500 reais (familiar)

Para entrar no clube: a aprovação de um novo sócio é decidida por uma comissão de diretores e precisa ser pleiteada por dois associados

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