Até o fim do ano, cidade ganhará 76 ônibus com duas catracas
A medida, que está sendo testada pela SPTrans, visa acelerar o embarque de passageiros
Estar frente a frente com o cobrador, não encontrar aquela última moeda que falta para completar os 3 reais necessários para a passagem e ficar por alguns segundos revirando os bolsos atrás dela. Eis uma situação irritante. Mais irritante ainda para os outros passageiros, que aguardam ansiosos na fila que acabou de se formar na entrada do ônibus. Pior ainda parao motorista, que perde preciosos minutos do trajeto parado, enquanto a turma tenta subir.
“É ótimo saber que vou chegar, passar o bilhete único e embarcar, sem correro risco de ficar empacado esperando alguém”, conta o tecnólogo Dário Fischer,que pega todos os dias a linha 106A-10 (Santana-Itaim) ao voltar para casa depoisdo trabalho, sempre no horário de rush. O veículo que Fischer utiliza é um dos 73 na capital equipados com duas catracas — e não apenas uma, como é o normal. O sistema está em fase de testes em nove linhas pela SPTrans, o órgão municipal encarregado do transporte público. A experiência começou em 2011 e, graças aos bons resultados, será expandida para mais 76 coletivos até dezembro.
Uma das catracas é exclusiva para os usuários do bilhete único,e a outra recebe os que pagam em dinheiro. “Estamos ganhando muito tempo com essa medida, não fica mais aquela confusão nos pontos e tudo flui melhor desse jeito”, afirma Leandro Santos, cobrador da linha 106A-10 há seis anos. De implementação simples e custo baixo (cerca de 6 000 reais por veículo), a medida produz um impacto relevante.
Segundo pesquisasda SPTrans, o tempo de embarque caiu em 38% nos ônibus que possuem o equipamento instalado. O sindicato das empresasde transporte coletivo, o SP-Urbanuss, fez uma avaliação ainda mais positiva: calculou queda de 50%. Em contrapartida,os veículos perderam três assentos para dar lugar a outra catraca. De acordo com a SPTrans, a implementação em toda a frota, estimada em 13 970 ônibus, será facultativa às concessionárias, pois elas é que vão arcar com o investimento.
“É positivo testar algumas possibilidades como essa,mas ainda é necessário pensar em opções mais efetivas, ainda que caras, como a transposição das catracas para os pontos de ônibus, a exemplo do sistema adotado em Curitiba, o que agilizaria o embarque e deixaria os veículos mais espaçosos”, opina o engenheiro de transportes Gabriel Feriancic.A ideia também está no radar da Secretaria Municipal de Transportes.
O projeto de implantar a cobrança desembarcada,como é chamado o método, pode se concretizar até 2016 nos novos corredores de ônibus. A prefeitura promete inaugurar 150 quilômetros deles nesse período, o que quase dobrará amalha atual. Em paralelo, investe tambémna multiplicação de faixas exclusivas. A cidade conta hoje com 236,5 quilômetros de vias desse tipo.
Para reforçar seu compromissocom a área, o prefeito Fernando Haddad não usou o carro oficial no último dia 3 e foi trabalhar de ônibus. Ele agora não só diz que vai repetir a experiência como afirma que pensa torná-la obrigatória a seus secretários (só vendomesmo para acreditar). Enquanto isso, nas ruas, continuam as manifestações.
Na última segunda (21), o Movimento Passe Livre (MPL) voltou a organizar protestos, bloqueou a Avenida M’Boi Mirim, na Zona Sul, e provocouum infernal congestionamento,prejudicando os moradores da região,que não conseguiram chegar a tempoao trabalho. O grupo reivindicava a duplicaçãoda via e a volta de linhas de ônibus desativadas.