Para o estilista Christian Lacroix, de 58 anos, compor o figurino de um balé ou de uma peça de teatro traz à tona algumas das melhores lembranças de sua infância, passada em Arles, no sul da França. Desde pequeno, quando sua mãe o levava para ver uma ópera ou um simples show de saltimbancos, ele voltava para casa com a cabeça repleta de ideias e tentava reproduzir no papel as roupas que via. Hoje um nome consagrado da alta-costura, pelo menos duas vezes ao ano é convidado por grandes companhias europeias para criar roupas e fantasias que serão usadas exclusivamente nos palcos. Enquanto sua maison enfrenta momentos de incerteza – comprada por investidores americanos, ela foi duramente afetada pela crise econômica mundial –, seu trabalho ao lado de diretores e cenógrafos segue de vento em popa. É o que os paulistanos poderão conferir na mostra Christian Lacroix – Trajes de Cena, a partir de segunda-feira (24), no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Al–vares Penteado (Faap).
Os 100 trajes e oitenta croquis da ex-posição fazem parte do acervo do Centre National du Costume de Scène, localizado na cidade francesa de Moulins. Sua diretora adjunta, Delphine Pi–nasa, veio a São Paulo especialmente para comandar a montagem do evento. Os figurinos de peças e óperas serão exibidos em vitrines que lembram palcos. Já os vestidos de bailarina, também chamados tutus, ficarão pendurados no teto, rodopiando ao som de valsas. “Em volta deles, haverá grandes telões exibindo cenas clássicas de musicais, que mostram como o figurino é importante para compor a atmosfera mágica dos shows”, comenta a curadora Delphine. “Quando o visitante entrar no museu, terá a impressão de estar em um salão de baile.”