Número de surtos de caxumba dispara na capital
A doença pode ganhar ainda mais força no inverno
Os últimos quarenta dias foram de alerta no Colégio Neolatino, na Vila Maria. O local contabilizou catorze registros de caxumba, doença conhecida por sintomas como febre alta e inchaço na região do pescoço. “Antes, as ocorrências eram isoladas”, diz o coordenador Fábio Almeida, que orientou os estudantes a não dividir garrafa de água e a evitar conversas próximos uns dos outros. A situação se repete em maisestabelecimentos de ensino. Em março, por exemplo, o Dante Alighieri, nos Jardins,pediu aos pais que enviassem a carteirinha de vacinação dos filhos e promoveu uma campanha de imunização entre os que não estavam com a vacina em dia.
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Esse tipo de atitude é um reflexo do avanço expressivo desse mal na cidade: entre janeiro e abril, ao menos 274 pessoas contraíram a infecção. É um aumento de 568% em relação aos 41 casos no mesmo período do ano passado (foram 275 no total). Os dados podem ser piores, pois a Secretaria Municipal da Saúde é notificada apenas dos surtos institucionais (a partir de dois casos simultâneos na mesma época e local).
Transmitida pelo contato com secreções do nariz e da boca, com pico no inverno, a caxumba incomoda, mas não é considerada grave. Mortes são raras (houve duas em todo o estado em 2015). Sem os devidos cuidados, no entanto, ela pode causar complicações como a inflamação dos ovários ou dos testículos, resultando até em esterilidade. “Isso acontece em 5% dos casos no mundo”, diz Sérgio Cimerman, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. Não há cura. Recomenda-se repouso e medicamentos para tratar os sintomas.
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A alta da doença na capital repete algo visto em outros países, mas não há consenso sobre o motivo. Por aqui, a vacinação é um obstáculo extra: boa parte da população deixade ingerir as duas doses recomendadas (preferencialmente aos 12 e 15 meses do bebê, mas possível no SUS até 49 anos, ou em qualquer idade na rede particular).
“Muitas mães relaxam com as aplicações depois que as crianças crescem”, relata Rosa Nakazaki, doutora do Centro de Controle de Doenças da Coordenação de Vigilância em Saúde. Para piorar, nenhuma imunização é 100% eficaz. “Eu não esperava pegar caxumba a essa altura da vida, pois minha carteirinha está em dia”, afirma o professor de física Pedro Henrique Silva Rodrigues, de 26 anos, que ficou uma semana afastado do trabalho no Neolatino.
O VÍRUS DA VEZ
Segundo tendência mundial, o número de registros multiplica-se na cidade de São Paulo*
Número de casos
2012: 30
2013: 19
2014: 44
2015: 275
2016 (até 30 de abril): 274
Possíveis sintomas: glândulas salivares inchadas e doloridas, febre alta, dor de cabeça, fadiga, dificuldade para ingerir alimentos e falta de apetite.
*A prefeitura contabiliza apenas os surtos (quando há ao menos dois casos na mesma instituição)