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Jovem cria casulo sensorial para crianças do espectro autista

O paulistano Gabriel Pitta planeja empreender para disponibilizar o móvel em locais públicos e particulares

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 jan 2024, 06h00
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  • O diagnóstico tardio de transtorno do espectro autista (TEA), fechado há pouco mais de um ano, levou o paulistano Gabriel Pitta, 24, a desvendar não apenas as diversas dúvidas sobre si que surgiram nos últimos dezoito anos como serviu para planejar a sua carreira como designer.

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    Recém-formado pela faculdade Belas Artes, Gabriel viu em suas necessidades pretéritas a ideia para criar e confeccionar um grande objeto capaz de acolher crianças autistas que buscam refúgios em momentos de agonia.

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    “Na clínica onde sou atendido, vejo as crianças correndo para o banheiro, para o armário, para tentar se acalmar e retomar a rotina. Na infância eu também fazia isso”, diz Gabriel, que desenvolveu um objeto chamado casulo sensorial e voltado para crianças entre 7 meses e 8 anos de idade.

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    Gabriel e o casulo: refúgio para crianças autistas (Alexandre Battibugli/Veja SP)

    Com 1,78 metro de altura e uma base de pouco mais de 1 metro, o móvel pesa 80 quilos, foi confeccionado (após diversos testes) com MDF e revestido com um tecido geralmente empregado em almofadas e sofás destinados a áreas externas, ou seja, confortáveis e fáceis de limpar.

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    Tudo é pensado para proporcionar a melhor sensação possível. A forma em concha não é apenas por questão estética, mas para reduzir os efeitos sonoros do entorno, um dos principais estímulos que causam instabilidades nas pessoas diagnosticadas com TEA.

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    A escolha por um modelo que pudesse acolher a criançada não partiu apenas da percepção de Gabriel, paciente da clínica Gradual, localizada no Alto de Pinheiros, na Zona Oeste, desde a infância, mas de uma análise feita a partir de dois questionários preenchidos por pais de pacientes do espaço.

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    “Perguntamos o que mais incomodava e o que mais aliviava as crianças após os momentos difíceis”, explica Gabriel. As respostas negativas mais citadas foram barulho, iluminação intensa e texturas ásperas ou frias. Por outro lado, os estímulos positivos mais lembrados foram os relativos a abraços.

    Após a formatura, Gabriel Pitta partiu para duas novas etapas: testes práticos e o registro do casulo. A primeira começou na última semana, com o desembarque do móvel na Gradual. “Vamos ver o que pode ser melhorado ou modificado, mas a aceitação da criançada tem sido muito boa”, diz o autor.

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    A segunda empreitada também já começou a rodar e o projeto foi protocolado com sucesso no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Caso a iniciativa prospere, o casulo será oferecido a escolas, empresas, entre muitas outras possibilidades.

    “Imagine um objeto como esse em um parquinho, em um local que não seja a sala de um especialista, proporcionando acesso a crianças que não possuem oportunidades de atendimento”, afirma a psicóloga Claudia Romano Pacífico, fundadora do Grupo Gradual e doutora na análise do comportamento aplicada ao TEA.

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    A criação de espaços acolhedores para pessoas com autismo é um tema cada vez mais presente no nosso dia a dia. No laboratório Lavoisier do Shopping Aricanduva, na Zona Leste, uma sala recém-instalada promete dar um melhor acolhimento aos pacientes.

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    Sala no Lavoisier: atendimentos mais ágeis (Beto Assem/Divulgação)

    O azul leve nas paredes e os poucos brinquedos dispostos no espaço têm como objetivo proporcionar uma boa distração durante a espera, geralmente menor em comparação com outros atendimentos. “Temos uma cartilha que fala sobre todo o processo e a previsibilidade para uma jornada mais rápida e mais agradável”, afirma Aline Giovannetti, diretora de diagnósticos da Dasa, responsável pela marca Lavoisier.

    “Dependendo do sucesso da sala sensorial, podemos expandir a ideia para outras empresas do grupo”, diz, se referindo aos laboratórios Delboni, Salomão Zoppi e Alta.

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    A 35 quilômetros do Lavoisier do Shopping Aricanduva, outras iniciativas importantes voltadas para crianças diagnosticadas com TEA têm melhorado a experiência dos frequentadores do Parque da Mônica, no Shopping SP Market, na Zona Sul.

    Todos os dias, na primeira hora de funcionamento, o parque reduz os estímulos sonoros e visuais para que os visitantes com sensibilidades possam aproveitar o passeio de forma mais agradável. Além disso, o local conta com a sala do silêncio, afastada dos ambientes mais movimentados. Próximo à entrada, o espaço possui dois sofás, um nicho e alguns brinquedos.

    Nos principais estádios de futebol da capital, os espaços de acolhimento para crianças e adultos com autismo também estão aumentando. Depois de Palmeiras e Corinthians implementarem as suas, a casa do São Paulo passou a disponibilizar, em outubro do ano passado, uma sala sensorial batizada de Sala TEA + Tricolor. ■

    Publicado em VEJA São Paulo de 26 de janeiro de 2024, edição nº 2877

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