Casa de Francisca será aberta na próxima quarta (8)
Restaurado, o Palacete Teresa Toledo Lara, de 1910, receberá shows
Há dez anos, a Casa de Francisca abriu as portas nos Jardins com a proposta de ser um palco diferente para shows. A ideia era atender um número restrito de pessoas, apenas 44 por noite, o que rendeu ao espaço o apelido de “a menor casa de shows da cidade”.
No salão decorado ao estilo cabaré à luz de velas, o serviço de bebidas e comidas era interrompido durante as apresentações, para evitar ruídos. A programação, com artistas como Arrigo Barnabé e Luiz Tatit, garantiu prestígio ao endereço.
Em dezembro, o local fechou as portas para que o projeto fosse transferido para um imóvel mais amplo e confortável. O negócio será reaberto na quarta (8) no Palacete Teresa Toledo Lara, erguido em 1910 na esquina da Rua Quintino Bocaiuva com a Rua Direita, no centro. Ali cabem 170 pessoas na plateia.
Um dos fundadores da Casa de Francisca, Rubens Amatto topou com o prédio, desenhado pelo arquiteto Augusto Fried e tombado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico (Conpresp), em uma andança pelo bairro e decidiu entrar em contato com a administração.
“Achei que não fosse receber retorno, mas ele veio rápido”, conta. Bisneta de Antônio de Toledo Lara, responsável pela construção do imóvel, a atual proprietária, Tereza Artigas Lara Leite Ribeiro, interessou- se pela proposta. “A vinda do empreendimento aquece a revitalização do centro antigo com música e cultura”, diz ela.
O imóvel de 3 300 metros quadrados que abrigou a primeira loja de instrumentos e partituras da cidade, a Casa Bevilacqua, e também serviu como sede para a Rádio Record, precisou passar por um processo de restauro. Segundo estimativas de mercado, a obra custou cerca de 10 milhões de reais. “Usamos um escaneamento digital a laser para conseguir recuperar todos os detalhes da fachada original”, explica Marcello Pucci, um dos arquitetos envolvidos na reforma, que teve início em 2009.
Do lado de dentro, os vitrais das janelas e o piso de mármore da escada foram preservados, mas o elevador precisou ser modernizado. Parte do dinheiro necessário para a mudança surgiu com a conquista do Prêmio Funarte de Programação Continuada para a Música Popular, em 2015.
Isso rendeu aos sócios da Casa de Francisca um cheque de 200 000 reais. Tudo deveria ter ficado pronto em 2016, mas atrasos nas obras e na arrecadação de verbas empurraram a reinauguração para este ano.
Nesta semana, o 1º andar ficou pronto para receber o público. O salão em formato de “L” manteve o ar retrô e ganhou uma arquibancada parecida com a da primeira Casa de Francisca. Ali, o palco era minúsculo, com capacidade para apenas quatro artistas. No novo endereço, o espaço conseguirá abrigar uma banda completa.
Os eventos poderão seguir dois modelos de funcionamento: os concertos, com disposição em mesas, e os bailes, para a plateia de pé. “A ideia é ampliar as possibilidades de projetos dos artistas”, diz Amatto. Há ainda a opção de usar o calçadão em frente como plateia externa.
Durante as obras, as janelas do balcão foram abertas na Virada Cultural de 2016 para uma espécie de serenata ao contrário. Na rua, perto de 500 pessoas se reuniram para ouvir Siba, Ná e Dante Ozzetti, entre outros artistas. Para a noite de abertura, foram escalados Metá Metá e Passo Torto, da Banda Clube da Encruza, que são prata da casa. Um dos rappers mais famosos do país, Emicida, dividirá a cena, como convidado. Boa notícia: os ingressos, à venda na bilheteria montada no térreo e no site, mantiveram o padrão de preço camarada: 53 reais por pessoa.
Casa de Francisca. Rua Quintino Bocaiuva, 22, centro, ☎ 3052-0547. Abertura prometida para quarta (8), às 21h. www.casadefrancisca.art.br.