Esquenta competição entre oficinas de customização de veículos
Garage 59, que aparece no programa "Caldeirão do Huck", fatura 2,5 milhões de reais por ano e quer oferecer o serviço ao público
Em um galpão de 1.100 metros quadrados no bairro do Ipiranga, o publicitário e designer Mohamad Kahil comanda a Garage 59, empresa que há dois anos faz o “Lata Velha”, um dos quadros de maior ibope do “Caldeirão do Huck”, atração da Rede Globo. Uma vez por mês, a oficina recebe da produção do programa um veículo em estado precário, selecionado entre as cartas enviadas pelos telespectadores. Em seguida, um time de dezessete mecânicos entra em ação, transformando completamente o carro. O resultado é entregue ao proprietário no ar, com direito a uma reportagem sobre os bastidores da reforma.
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“Às vezes, temos menos de três semanas para aprontar tudo”, conta Kahil, que fatura por ano cerca de 2,5 milhões de reais, graças a um conjunto de dez patrocinadores. Ele agora quer aproveitar a popularidade da televisão para oferecer os mesmos serviços a qualquer cliente até o fim do ano. Para isso, está investindo 500.000 reais em obras de ampliação e pretende contratar mais quarenta funcionários.
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A intenção é competir no mercado paulistano com um time da pesada que já atende há tempos pessoas interessadas em customizar seus possantes. Na parte menos boêmia da Rua Augusta, quase na esquina com a Rua Estados Unidos, é possível avistar um Lamborghini Gallardo estacionado dentro da Leandrini, parada obrigatória dos amantes do mundo das quatro rodas. O modelo foi recentemente modificado, ganhando novas rodas, escapamento e equipamento de som. É uma das 480 encomendas recebidas por mês. “Fazemos coisas de bom gosto, sem apelar para o exagero”, afirma Thelly Leandrini, um dos sócios da empresa, ao lado do pai e de três irmãos.
Em uma rua tranquila de Pinheiros, o ex-designer gráfico Chrystiano Miranda mantém a Garage Metallica, especializada na marca Harley-Davidson. Quadros de pin-ups, skates nas paredes, capacetes vintage e outros acessórios deixam o local com aparência de estúdio de tatuagem. O proprietário diz que aprendeu a mexer nas máquinas no período em que trabalhou na montadora nos Estados Unidos, entre 1997 e 2002. “Como eu era um mecânico rápido, eles me passavam algumas motos originais para incrementar”, explica.
Alterar o carro não é uma brincadeira barata. Um pacote básico, com pequenas mudanças na pintura, no motor e na parte elétrica, não sai por menos de 20.000 reais. Nos casos mais complexos, pode chegar a 100.000 reais. “Os donos que nos procuram querem que suas máquinas ganhem detalhes que as tornem únicas nas ruas”, relata Leandrini.
O grosso do público é formado por pessoas acima de 30 anos, com a vida profissional estabilizada e dinheiro suficiente na carteira para se permitir algumas pequenas extravagâncias. “Não é coisa para moleque”, diz o mecânico, que, em seguida, atende o proprietário de um Azera preto, da Hyundai. Trata-se de um senhor grisalho com calça e camisa sociais, sapatos bem engraxados marrom-escuros combinando com o cinto, interessado em melhorar a qualidade do som do veículo. Enquanto prepara o orçamento, Leandrini usa o cliente como exemplo de suas palavras. “Ele é a cara do nosso público”, resume.
GARAGE 59
Rua Costa Aguiar, 59, Ipiranga, Tel. 4305-8000, www.garage59.com.br
LEANDRINI
Rua Augusta, 2995, Jardins, Tel. 3081-5560, www.leandrini.com
GARAGE METALLICA
Rua Isabel de Castela, 372, Pinheiros, Tel. 3815-2488, www.garagemetallica.com.br