“Camille e Rodin” conta a história de amor entre os artistas franceses
Leopoldo Pacheco e Melissa Vettore humanizam os protagonistas do drama encenado no Masp
Uma série de fatores desperta interesse na temporada do drama “Camille e Rodin“. O primeiro deles — e o mais importante para a cidade — é a integração do pouco ativo Grande Auditório do Masp ao circuito teatral, com ingressos acessíveis e uma infraestrutura atraente. Mas, normalmente, não são determinantes para a escolha de uma peça o local ou o preço, e sim o desejo de fazer um programa agradável e emocionante. A história de amor dos dois escultores franceses apresenta-se como uma opção capaz de aliar esses aspectos à qualidade e à profundidade artística.
Assinado pelo dramaturgo paulistano Franz Keppler, o texto traz à tona o relacionamento de quinze anos do artista plástico Auguste Rodin (1840-1917) com sua discípula Camille Claudel (1864-1943). Em Paris, a jovem Camille (interpretada por Melissa Vettore) torna-se amante de Rodin (papel de Leopoldo Pacheco). A intuição dela e o apuro técnico dele criam um embate marcado pela competição e pelas diferentes visões de geração e do amor.
+ Entrevista com o dramaturgo Franz Keppler
+ 3 perguntas para… Leopoldo Pacheco
Entre os acertos de Keppler e do diretor Elias Andreato está a humanização dos personagens. Ali surgem um homem e uma mulher em um conflito acentuado pela incapacidade de um se posicionar no lugar do outro. O jogo estabelecido entre Pacheco e Melissa transforma-se na base da encenação, simples à primeira vista, justamente por ser calcada em detalhes mínimos, reafirmados na cenografia, na iluminação e nos sutis saltos e retrocessos do tempo.
Enquanto Pacheco se apoia nas palavras e na introspecção, Melissa exterioriza Camille em olhares e gestos, elevando a tensão de acordo com a progressão das divergências da personagem. Nessa sintonia, o público dispensa a referência intelectual da famosa dupla para encontrar a identificação na psicologia do casal.
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