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Globo repudia ataques de Bolsonaro a Miriam Leitão

Presidente afirmou que a jornalista integrava grupo armado e que mentiu quando disse que foi torturada na prisão

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 jul 2019, 11h44
Miriam Leitão e Bolsonaro: presidente fez ataques à jornalista (Reprodução/Veja SP)
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Na noite da última sexta (19), a Rede Globo divulgou durante o Jornal Nacional uma carta de repúdio aos recentes comentários feitos pelo presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL) em relação à jornalista Miriam Leitão, durante um café da manhã com profissionais da imprensa estrangeira.

Na conversa, o presidente afirmou que Miriam fez parte de um grupo armado durante a ditadura militar instalada no Brasil a partir do ano de 1954 e que mentiu quando relatou que sofreu tortura na prisão enquanto estava grávida.

O comunicado foi lido por Renata Vasconcellos. Confira a nota na íntegra:

“O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta sexta-feira (19) um grupo de jornalistas estrangeiros para um café da manhã. Os jornalistas cobraram do presidente um comentário sobre o ato de intolerância de que foi vítima a jornalista Miriam Leitão, no fim de semana.

Miriam e o marido, Sérgio Abranches, participariam de uma feira literária em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Em redes sociais, foi organizado um movimento de ataques e insultos à jornalista, cuja postura de absoluta independência foi tratada como um posicionamento político de esquerda e de oposição ao governo Bolsonaro.

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Em resposta aos correspondentes internacionais, o presidente Jair Bolsonaro disse que sempre foi a favor da liberdade de imprensa e que críticas devem ser aceitas numa democracia.

Mas, depois, afirmou que Miriam Leitão foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no Brasil e repetiu duas vezes que Miriam mentiu sobre ter sido torturada e vítima de abuso em instalações militares durante a ditadura militar que governava o país então.

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Essas afirmações do presidente causam profunda indignação e merecem absoluto repúdio. Em defesa da verdade histórica e da honra da jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a jornalista quem mente.

Miriam Leitão nunca participou ou quis participar da luta armada. À época militante do PCdoB, Miriam atuou em atividades de propaganda.

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Ela foi presa e torturada, grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória. No auge da ditadura de 64, em 1973, Miriam denunciou a tortura perante a 1ª Auditoria da Aeronáutica, no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época.

Narrou seu sofrimento aos militares e ao juiz auditor e esse relato consta dos autos para quem quiser pesquisar.

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A jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela ditadura. A absolvição se deu em todas as instâncias.

É importante ressaltar que Miriam Leitão, ao longo dos governos do Partido dos Trabalhadores, foi também alvo constante de ataques. Não questionaram, como agora, o sofrimento por que passou na ditadura, mas a ofenderam em sua honra pessoal e profissional em discursos do ex-presidente Lula em palanques, e até mesmo a bordo de avião de carreira, quando Miriam Leitão ouviu insultos e ofensas por parte de militantes petistas, que então a chamavam de neoliberal e direitista.

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Esses insultos, no passado como agora, em sinais trocados, apenas demonstram a maior das virtudes de Miriam como profissional: a independência em relação a governos, sejam de esquerda ou de direita ou de qualquer tipo.

A Globo aplaude essa independência, pedra de toque do jornalismo profissional, e se solidariza com Miriam Leitão

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