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Mercado que aposta em cosméticos e serviços para negras está em expansão

Segmento tem maquiagens e tratamentos para cabelos cacheados e crespos

Por Thaís Oliveira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 7 abr 2018, 11h35 - Publicado em 6 abr 2018, 06h00

Um procedimento malsucedido num salão levou a relações-públicas Magá Moura, de 29 anos, a rever seus conceitos de beleza. Em 2012, ela quase ficou careca após encarar um tratamento para alisar os cabelos. “Tinha duas opções: raspar os fios que haviam sobrado ou disfarçar o estrago com tranças”, lembra. Optou pelo penteado, escolha que trouxe frutos profissionais para a jovem.

Ela acabou alçada ao posto de it girl depois que uma foto sua na Semana de Moda de Londres, com os longos apliques pintados de rosa, foi publicada por revistas gringas famosas, como Nylon. “Eu me senti uma rainha africana”, conta a moça, que hoje reúne 186 000 seguidores no Instagram e fatura entre 40 000 e 100 000 reais por mês em parcerias com marcas como Nike, Levi’s e a gravadora Universal. Em seu canal no YouTube, ela fala muito sobre estilo e empoderamento.

A história de Magá faz parte de um fenômeno que impulsionou um novo olhar do mercado sobre os consumidores negros. “As marcas percebem cada vez mais que esse público tem desejos e códigos de comportamento específicos”, explica o especialista em consumo Fernando Montenegro, da consultoria Etnus. Uma pesquisa da empresa estima que famílias chefiadas por negros movimentem 3,2 bilhões de reais por ano na capital.

O setor de beleza está em ascensão, principalmente no que diz respeito aos cuidados capilares. Após a febre dos alisamentos da década passada, cresce o número de mulheres que assumem e incrementam os fios naturais. Um estudo da companhia de pesquisas Kantar Worldpanel calcula que 51% das brasileiras tenham cabelos originalmente crespos ou cacheados (não exclusivos da população negra, é claro, mas bastante representativos dela).

Lunablu: rede de salões dedicada aos cachos e fios crespos (Alexandre Battibugli/Veja SP)

No ano passado, a expressão “cabelos cacheados” ultrapassou pela primeira vez a busca pelos lisos no Google, um crescimento de 232%. Na mesma toada, o interesse por “cabelos afro” aumentou 309% nos últimos dois anos.

As marcas passaram, então, a criar produtos específicos para essa clientela. Uma das líderes do segmento, a paulista Salon Line conquistou fãs com a linha Tô de Cacho, com condicionadores, cremes para pentear e máscaras. Eram cinco itens em 2016, hoje são 90. Mulheres negras se veem representadas na comunicação visual e nos rótulos dos artigos.

O mesmo se percebe na apresentação dos novos itens da Beautycolor. Em agosto de 2017, a empresa de esmaltes e tinturas lançou uma coleção de cuidados capilares chamada Soul Power. Dedicada aos fios cacheados e crespos, ela traz fórmulas livres de produtos químicos como petrolatos, sulfatos e parabenos.

A paulistana Soraia Ferretti trabalhou por dezessete anos na indústria de cosméticos antes de investir suas economias na Lunablu, rede de salões especializada em cachos. A primeira unidade abriu as portas na Zona Sul em 2009 e atraiu clientes em busca de tratamentos que não envolviam relaxamentos ou um coquetel de químicos. “Diziam que eu morreria de fome se não oferecesse escova progressiva”, lembra.

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Um dos hits da rede é a transição capilar, conjunto de técnicas bastante em alta para voltar ao visual natural após o alisamento. No ano passado, a empresa cresceu 17% e faturou 3 milhões de reais. Atualmente, há quatro filiais na metrópole — a mais recente aberta em março no Tatuapé.

O negócio de maquiagens não fica para trás. Inconformada com a falta de opções para negras, a blogueira Rosangela José, de 36 anos, uma das primeiras a testar produtos do segmento na internet, resolveu se aventurar no universo dos cosméticos. Há dois anos, lançou a Negra Rosa, linha de bases e batons pensados para a tez escura.

Gigantes do setor também entraram na onda. Nos últimos anos, a Natura e a Maybelline, por exemplo, se voltaram mais para produtos específicos. “Sinto que as opções para as negras finalmente estão se multiplicando”, comemora Rosangela.

COMÉRCIO ESPECIALIZADO

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Produtos para a pele negra e os cabelos afro

Base Dark 2

(Divulgação/Veja SP)

Suaviza e disfarça imperfeições na pele. R$ 39,90. Negra Rosa, negrarosaloja.com.br.

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Force Mask Bomb

(Divulgação/Veja SP)

Reconstrói fios danificados. R$ 34,90. Soul Power, dermabox.com.br.

Difusor DevaFuser

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(Divulgação/Veja SP)

Aumenta os cachos e seca fios crespos rapidamente. R$ 109,00. DevaCurl, ikesaki.com.br.

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