Bagagem cultural
Acompanhados por especialistas, turistas brasileiros investem em roteiros de viagem que contemplam exposições e feiras de arte contemporânea
De cinco em cinco anos, a turma das artes do lado de cá do Atlântico cruza o oceano a caminho de Kassel, na Alemanha, para visitar a Documenta, uma das mais importantes exposições de arte contemporânea do mundo. A 12ª edição, em 2007, atraiu 750 000 pessoas — quase quatro vezes o número de habitantes da cidade, localizada a cerca de quatro horasda capital, Berlim. Aberta ao público até 16 de setembro, a mostra atual espera superar esse número. Entre os visitantes estará Roseli Almeida, de Belo Horizonte. Ela não trabalha no mercado das artes. É auditora financeira. Também não coleciona nomes de peso em suas paredes — em casa tem originais da artista mineira Yara Tupynambá e réplicas do pintor austríaco Gustav Klimt. Pouco importa. Com passagem marcada para o início de setembro, ela embarca com professores da Maison Escola de Arte, na capital de Minas, para conhecer as criações de mais de 300 artistas selecionados para o evento. Roseli já tem outra incursão do gênero, em outubro. Destino: os museus de Israel e Turquia. “Antes, minhas viagens eram regadas a compras e caminhadas descompromissadas”, diz ela.
Agora, engrossa o time de turistas que embarcam nas chamadas viagens culturais. “O consumo puro e simples começou a dar lugar a roteiros em que a arte e o conhecimento são objetos de desejo”, afirma Tomas Perez, presidente da agência de turismo Teresa Perez Tours. A empresa acaba de lançar um guia com dicas das cercanias do Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York. “Nos últimos dois anos, o número de brasileiros que nos visitam cresceu 90%, e alcançamos 1 200 associados no país”, conta Julie Maloney, coordenadora do MoMA. A resposta ao boom verde e amarelo foi a de um atento anfitrião: agora há versões em português dos guias na recepção. No Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba), na Argentina,a cena é parecida: os brasileiros representam 75% do número de visitantes estrangeiros.
Além dos passeios ciceroneados por especialistas, outra opção são os cursos de curta duração. “Não me contento com a ideia de só fazer compras”, diz a economista carioca Rosa Moreira. Ela tirou folga do banco onde trabalha e se matriculou, sem intermédio de agências, num curso de dois dias sobre negócios em galerias de arte na casa de leilão Sotheby’s de Nova York (os preços variam de 400 a 6 300 reais). De olho nesse público, a B360, de São Paulo, fechou uma parceria com outra casa de leilão, a Christie’s. Nela, o viajante monta a própria grade (os temas vão de história da joalheria a arte contemporânea chinesa) e embarca para voltar com outro tipo de bagagem.
PRÓXIMAS VIAGENS
Chicago, Arte e Arquitetura. Visita à exposição Impressionismo, moda e modernidade, no Art Institut, e às construções de Frank Lloyd Wright e Santiago Calatrava. Quem leva: Casa do Saber. De 1º a 8/9, 13 400 reais por pessoa (passagem e hospedagem). ☎ (11) 3707-8900 e (21) 2227-2237, casadosaber.com.br
Ddocumenta e Manifesta: arte contemporânea. Visita à mostra alemã Documenta de Kassel e à Manifesta, bienal europeia de arte contemporânea, na Bélgica. Quem leva: Agência Latitudes. De 9 a 19/9, 14 200 reais por pessoa (passagem e hospedagem). ☎ (11) 3045-7740, latitudes.com.br
Israel e Turquia. Visita aos museus de Jerusalém e Istambul. Quem leva: Maison Escola de Arte de Belo Horizonte. De 17/10 a 2/11, 10 900 reais por pessoa (passagem e hospedagem). ☎ (31) 3261-5885, maison.art.br