Chef Fogaça é eleito síndico de prédio em reunião com polícia e confusão
É a segunda vez que o jurado do MasterChef ganha um pleito no Edificio Baronesa de Arary, na Avenida Paulista, mas ainda não se sabe se ele irá assumir
A complicada jornada dos moradores do Edificio Baronesa de Arary, na Avenida Paulista, em busca de um novo síndico ganhou outro capítulo na última quarta (5). A assembleia de votação foi marcada por confusão e a presença de policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) e da Polícia Militar. O chef Henrique Fogaça (que também faz as vezes de jurado no programa MasterChef, da Band) acabou eleito síndico pela segunda vez, mas ainda não sabe quando poderá assumir a administração do endereço.
Com cerca de 100 votos, Fogaça foi escolhido para suceder uma família que reveza-se há quase duas décadas no poder e é vista com desconfiança pelos condôminos. Antes da votação, no entanto, um líder da atual gestão tentou encerrar as atividades afirmando que não sentia-se seguro com a presença de oficiais no entorno. “Liguei na hora para o 190 e fui para a delegacia”, diz o chef. Além disso, há relatos de pessoas que não residem no condomínio portando procurações para votar no lugar de supostos moradores. A tática, de acordo com moradores, seria uma prática antiga dos administradores.
A conturbada reunião ocorreu sete meses após o cozinheiro ter sido eleito pela primeira vez para cuidar do Baronesa. O pleito, no entanto, não foi considerado válido pela Justiça, que determinou a realização de outra votação. Na época, os moradores realizaram a assembleia em um parque próximo ao endereço e não foram autorizados a entrar no auditório onde originalmente ocorreria o evento.
Ainda não se sabe se Henrique Fogaça conseguirá assumir desta vez. “Vamos pedir que a juíza aceite a eleição no modo em que foi possível fazer ou que nomeie um síndico judicial até ocorrer outra assembleia”, diz Marcio Rachkorsky, advogado de Fogaça.
Toda essa confusão tem como epicentro a administradora ADTEC — responsável pelo Baronesa de Arary há quase duas décadas. Moradores acusam a organização (comandada por uma única família que reveza-se no posto de síndico) de nepotismo, desviar verbas, fraudar eleições e dificultar o acesso aos documentos do condomínio . Em 2013, VEJA SÃO PAULO publicou reportagem sobre outra reunião de condomínio do Baronesa que acabou em agressões físicas e tumulto. Procurada a ADTEC não atendeu às ligações da reportagem.
Ao lado do Parque Trianon e quase em frente ao Masp, o Baronesa, já foi conhecido como o “treme-treme da Paulista” e chegou a ficar interditado por problemas elétricos entre 1993 e 1994. Projeto do arquiteto Simeon Fichel, o edifício começou a ser construído em 1954 teve moradores ilustres, como o casal de atores Walmor Chagas e Cacilda Becker.