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Árvores frutíferas em São Paulo

Na primavera e no verão, árvores frutificam pelas ruas da cidade

Por Daniel Nunes Gonçalves
Atualizado em 5 dez 2016, 19h30 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

Passados os tempos secos do outono e do inverno, uma cena se repete em calçadas e praças de São Paulo. Os pedestres deparam com árvores carregadas de frutas e comem uma aqui, outra acolá. Dá para petiscar pitangas diante da Casa das Rosas, na Avenida Paulista, ou colher abacate em frente à Fnac de Pinheiros, na Praça dos Omaguás, só para citar dois exemplos. Não há um projeto governamental de criação dessas espécies fora dos parques, mas as frutinhas gratuitas existem graças à iniciativa dos paulistanos que plantaram suas sementes anos atrás. A situação só não é mais comum porque atualmente algumas árvores frutíferas como a amoreira e a mangueira não estão entre as espécies de plantio recomendadas pela prefeitura. “Os frutos caem no chão e sujam as ruas”, diz Cyra Malta, diretora técnica de produção da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, responsável pela divisão que planta anualmente 170 000 mudas de Mata Atlântica na capital. “Além disso, atraem animais como o morcego, que pode transmitir a raiva.”

Para o dentista Ricardo Cardim, criador da Associação dos Amigos das Árvores de São Paulo, as frutas chamam muito mais pássaros às copas do que ratos e baratas quando caem na calçada. Em parceria com a designer Juliana Gatti, ele milita pelo reflorestamento, sem preterir espécimes que dão frutos – especialmente se eles forem nativos como a pitanga, a jabuticaba e a goiaba. “Queremos que as pessoas resgatem o hábito de comer fruta do pé”, conta Cardim. “Uma cidade saudável tem pássaros cantando nas esquinas, e precisamos de atrativos para eles”, afirma o ornitólogo Johan Dalgas Frisch, autor de Aves Brasileiras e Plantas que os Atraem. “Em 1930, quando São Paulo era quase rural, havia por aqui mais de 200 espécies de pássaro, enquanto hoje só existe metade disso.”

Outros paulistanos também criaram sua campanha informal. “Moro em uma casa sem quintal e decidi fazer das ruas da vizinhança um pomar público”, diz o empresário Ivanor De Maman, proprietário do restaurante Spaço 23, na Vila Mariana, que plantou quatro bananeiras na Rua Estela, na esquina com o Viaduto Tutóia. “Adoro perceber que os cachos são visitados por beija-flores e borboletas.” O Grupo Pão de Açúcar adotou a Praça Panamericana, em Pinheiros, há seis anos, plantando pés de limão, goiaba, amora, jabuticaba e pitanga diante de um de seus supermercados. “Queríamos proporcionar bem-estar em um espaço que oferecesse mais que um belo paisagismo”, afirma João Edson Gravata, diretor de operações da rede. “Além de poderem colher uma fruta do pé, as pessoas ainda se surpreendem com o canto dos pássaros.”

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