O arquiteto que tem mudado a cara do centro de São Paulo
Marcos Gavião projetou 1 830 apartamentos de até 78 metros quadrados na região
Os vidros da piscina no 16º andar mostram uma vista panorâmica do Largo do Arouche, um dos pontos mais emblemáticos do centro da capital, conhecido pela arquitetura histórica. Ao visitar a obra, na cobertura do edifício BK30, o arquiteto Marcos Gavião, que projetou o espaço, enche-se de orgulho. “Avisei à direção da construtora que pretendo vir aqui para curtir esse solário com a minha família no fim de semana anterior à entrega dos apartamentos”, diz o profissional, com 54 anos de idade e 32 de carreira.
Em junho, quando os proprietários devem ocupar suas unidades, vai ocorrer a “balada inaugural” de Gavião com as filhas, Beatriz, de 19 anos, estudante da Escola da Cidade, e Ana, de 17, e a mulher, a designer Tatiana Pacini, responsável pela comunicação visual e pelos painéis externos instalados em vários de seus projetos.
Em frente ao largo criado em meados de 1880, sua construção vai apresentar uma série de conceitos modernos. Para começar, nada de muros nem de grades. No térreo, haverá um novo e charmoso Bistrô La Casserole, que poderá ser frequentado por qualquer paulistano. Cada unidade ali mede entre 28 e 48 metros quadrados, e será possível unir duas residências. O preço oscila entre 336 000 e 924 000 reais. Imune à crise do mercado imobiliário, o empreendimento vendeu cerca de 70% de suas 240 unidades.
Nos últimos seis anos, Gavião criou onze edificações no centro, cinco delas entregues às incorporadoras TPA e BKO, e acumula 1 830 apartamentos concebidos na região. “Por ora, o BK30 é o filho caçula dessa família de prédios”, diz ele. Outro destaque, previsto para outubro, é o TPA Jacques Pilon, um retrofit do Edifício Irradiação, do famoso arquiteto franco-brasileiro, na Avenida Senador Queirós. O local abrigou escritórios entre 1940 e 2016 e agora terá unidades de 19 a 41 metros quadrados.
Com tamanha produtividade, Gavião tornou-se um dos grandes responsáveis pelos novos empreendimentos residenciais no centro. Entre 2010 e 2107, houve um aumento de 111% no número de lançamentos de apartamentos de até 65 metros quadrados no pedaço, os chamados “estúdios”, segundo dados do Sindicato da Habitação (Secovi). “A região é muito procurada por pessoas da classe média que não querem perder tempo nem dinheiro para se deslocar ao trabalho ou a centros culturais”, diz a presidente da comissão de proteção à paisagem urbana, Regina Monteiro. “Esse fenômeno ajuda no processo de revitalização da cidade”, completa.
Dono de um escritório de médio porte em Pinheiros, aberto em 1989, Gavião se especializou em construções residenciais. O gosto pelas edificações vem de família: ele é filho do engenheiro José Luiz Gavião e irmão caçula da paisagista Martha Gavião. Na adolescência, foi reprovado na disciplina de “orientação vocacional” no Colégio Porto Seguro. “Por que fazer aquelas aulas se eu já sabia que seria arquiteto?”, lembra, aos risos.
Formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 1986, estagiou em escritórios renomados como Rino Levi e Aflalo/Gasperini. Hoje em dia, toca em média vinte projetos por mês. Entre os principais, as construções no centro, projetos populares e os multifamily (prédios específicos para aluguel residencial, vistos como um “Uber” desse mercado). “Apesar da crise, estamos lotados de trabalho.”
PEQUENOS COM VASTOS ATRATIVOS
Casa da bike. Perto da Câmara Municipal, o Home Bikers, com unidades de 28 metros quadrados, ofereceu um desconto de 20% por trocar a vaga de carros pela de bikes. Lançado em 2014, vendeu todas as unidades em um mês.
Estreia na área. Primeiro projeto assinado por Gavião naquela área, em 2012, o Griffe 360 tem plantas de 39 a 78 metros quadrados, com uma ou duas vagas na garagem.
Suíte independente. O Bandeira Pauliceia tem unidades de 25 e 48 metros quadrados. Nas maiores há a possibilidade de uma suíte com entrada independente para home office ou aluguel.
(Divulgação/Veja SP)