Galeria Millan recupera obras inéditas de Amilcar de Castro
São doze desenhos inéditos, além de quinze estudos para esculturas e um poema
Figura seminal para o desenvolvimento da arte brasileira no século XX e grande influência de várias gerações de artistas, o concretista mineiro Amilcar de Castro (1920-2002) ainda está longe de ter a produção esgotada. Prova disso é a mostra que a Galeria Millan inaugura no sábado (21), composta exclusivamente de obras e documentos raros.
A ideia da montagem surgiu quando o galerista André Millan, ao lado do filho do artista, Rodrigo de Castro, investigava o espólio de um antigo ateliê na cidade de Nova Lima (MG), hoje sede do Instituto Amilcar de Castro. Eles encontraram ali as preciosidades somente agora trazidas a público: são doze desenhos inéditos, além de quinze estudos para esculturas (os tridimensionais eram sua grande especialidade) e um poema. “Nossa intenção era transportar para o espaço da galeria a atmosfera do ambiente de trabalho dele”, diz André Millan.
Para colaborar com a ambientação, serão exibidas ferramentas do estúdio — pincéis, escovas, vassouras. Sobressaem os tampos das mesas nas quais o escultor desenhava. Marcados pela tinta escorrida das bordas do papel durante o processo de concepção, eles aparecem emoldurados e pendurados na parede, como se fossem da autoria de Amilcar. Os abstratos desenhos da seleção trazem muito do aspecto gestual presente também nas gravuras. Por sua vez, os estudos revelam suas criações desde a imaginação até chegar ao inconfundível estilo de “corte e dobra” das esculturas realizadas com madeira ou ferro.