Como nasce um casaco Chanel
Acompanhe a trajetória de 300 horas da produção do casaco de seda e tweed
Há duas coleções de alta-costura por ano. Em janeiro, são apresentadas as roupas de verão e, em julho, as de inverno. E, a cada desfile da Chanel, os convidados voltam a ficar estupefatos com a qualidade do trabalho manual, capaz de concretizar a imaginação de Karl Lagerfeld, uma espécie de gênio renascentista na moda. Do desenho do estilista à entrada na passarela armada no Grand Palais, em Paris, acompanhe a trajetória de 300 horas do casaco de seda e tweed, um dos 64 looks mostrados para a coleção de alta-costura do inverno 2008.
+ Veja passo a passo em fotos de como nasce um casaco Chanel
MINIMALISTA MESMO
O dia 4 de setembro deste ano marcou a reinauguração da flagship Balenciaga, em Paris. Intocada desde 2003, a loja, de 590 metros quadrados, tem agora 50% a mais de área destinada ao estoque de roupas e acessórios e passa a se dedicar apenas ao público feminino. O espaço é dividido em duas partes, com entradas independentes: uma para o prêt-à-porter, outra para os acessórios.
Assinado pelo estilista Nicolas Ghesquière e pelo artista plástico Dominique Gonzalez-Foerster, o projeto manteve piso e corrimãos originais da época em que o número 10 da Avenida George V abrigou o salão de alta-costura de Cristóbal Balenciaga, aberto em 1937 (o costureiro, considerado mestre por colegas de métier, fechou as portas em 1968). O lado histórico contrasta com os ares futuristas da (quase) ausência de decoração, que foi pensada, afinal, para mostrar com mais clareza as peças da grife.
O ROLLS-ROYCE DA CAMISARIA
Algumas peças passam de 2 000 reais, mas todo homem fica im-pe-cá-vel com uma Charvet — não à toa, classificada como o “Rolls-Royce da camisaria”. Fundada em 1838, em Paris, ostenta uma lista de clientes que vai do escritor francês Marcel Proust ao presidente americano John F. Kennedy. Na hora de fazer as encomendas sob medida, é possível escolher entre 6 000 variedades de tecidos, como algodão egípcio, gabardine e oxford. São 400 opções de branco e 200 de azul. Uma camisa fica pronta em um mês.
VOCÊ SABIA ?
Na virada do século XIX para o XX, a indústria de plumas de avestruz fez milionários. Importadas da África do Sul, elas custavam caro como diamantes e eram usadas pelas mulheres como joias. Num comércio global dominado por judeus, só a Inglaterra era responsável por pedidos anuais de 2 milhões de libras (5,4 milhões de reais hoje). Com o estouro da I Guerra e a mudança de uma moda decorativa para outra mais prática, as plumas voaram pelos ares.
PLANO B
Símbolo da Gucci, empregado principalmente na alça de bolsas, o bambu começou a ser utilizado nas peças da grife como material alternativo. Isso porque, quando a empresa nasceu, como uma pequena loja de malas, em 1921, em Florença, as sanções econômicas impostas pelo primeiro-ministro Benito Mussolini haviam provocado escassez de matéria-prima.
CACHORRADA BEM ATENDIDA
Sim, os baús Louis Vuitton estão entre os mais cobiçados do mundo. Porém, uma turma de consumidores de produtos AAA — a primeira-dama Carla Bruni e o estilista Karl Lagerfeld, por exemplo — recorre a outra fabricante francesa quando é hora de adquirir malas. Trata-se da Goyard, instalada no número 233 da Rue St. Honoré, em Paris. Fundada em 1853, nasceu de outra empresa que produzia bagagens, a maison Morel, estabelecida em 1792 e herdada por seu melhor artesão, François Goyard, que então a rebatizou com seu sobrenome.
A grife tornou-se a favorita da elite francesa não apenas pelas peças de qualidade primorosa, mas por detectar uma tendência de mercado da virada do século XIX para o XX. Naquela época, os aristocratas habituaram-se a importar animais exóticos das colônias e transformá-los em bichos de estimação. O primeiro acessório criado para esse transporte surgiu em 1892. Hoje, no número 352 da Rue St. Honoré, em frente ao mesmo endereço em que atende clientes humanos há 157 anos, a Goyard mantém uma loja de acessórios para pets. Há coleiras feitas com a mesma mistura de linho e cânhamo das sacolas St. Louis, best-sellers no Brasil. Uma malinha para transportar duas tigelas (de água e de ração) alcança impressionantes 2 995 euros (6 900 reais).
“Você prefere ser a Cinderela ou as irmãs malvadas?”
Alber Elbaz, estilista da Lanvin, defendendo a qualidade e o preço dos seus vestidos-Cinderela. Conhecida pela perfeição no acabamento, a Lanvin chega a cobrar 30 000 reais por um longo prêt-à-porter.
PARA BANCAR A MADONNA
Mink e renda chantilly fazem parte da coleção de lingeries que o estilista Jean Paul Gaultier desenhou para a grife de roupa íntima La Perla. Obcecado por corseletes desde o começo da carreira e autor do famoso corpete com sutiã cônico que Madonna usou na turnê Blond Ambition, em 1990, o francês nunca tinha assinado uma linha de roupas íntimas. São 27 modelos, que chegam às lojas neste mês.