Foi-se o tempo em que extravagâncias como torneiras de ouro e camas king-size dentro de uma aeronave faziam a cabeça dos muito ricos. Numa era em que tempo parece ser um bem cada vez mais escasso, os jatos preferidos dessa turma apostam em autonomia de voo, aliada a um conforto sem ostentações. A seguir, três modelos em alta entre os bilionários.
Bombardier Global Express XRS
■ Valor: 50 milhões de dólares (cerca de 85 milhões de reais).
■ Capacidade: De oito a dezenove passageiros.
■ Velocidade de Cruzeiro: 907 quilômetros por hora.
■ Trunfo: Voa 11 390 quilômetros sem escalas, o suficiente para ir daqui a Londres, por exemplo.
■ Quem tem: A apresentadora americana Oprah Winfrey.
Gulfstream G550
■ Valor: 60 milhões de dólares (cerca de 102 milhões de reais).
■ Capacidade: até dezoito passageiros.
■ Velocidade de Cruzeiro: 900 quilômetros por hora.
■ Trunfo: bateu o recorde de voo sem escalas ao percorrer 13 521 quilômetros. Foram 14,5 horas entre Seul, na Coreia do Sul, e Orlando, nos Estados Unidos.
■ Quem tem: Eike Batista, o homem mais rico do Brasil.
Dassault Falcon 7X
■ Valor: 51 milhões de dólares (cerca de 87 milhões de reais).
■ Capacidade: oito passageiros.
■ Velocidade de cruzeiro: 900 quilômetros por hora.
■ Trunfo: é conhecido pela tecnologia de comandos, derivada da aviação militar. Em geral, o piloto pouco precisa direcionar os olhos para o painel.
■ Quem tem: Dean White, bilionário americano da hotelaria (leia-se: Marriott).
“Antes um luxo, o jato privado hoje é visto pelos empresários como uma importante ferramenta de negócios por economizar tempo. E tempo, mais do que nunca, é dinheiro.”
Fernando Pinho, CEO da TAM Aviação Executiva, que espera entregar setenta novas aeronaves ao mercado brasileiro até o fim do ano
Quando um jatinho não é suficiente
Fabricantes como Boeing, Airbus e Embrater transformam aviões de passageiros em mansões voadoras para chefes de governo e multimilionários
Airbus A380
300 milhões de dólares (cerca de 510 milhões de reais)
Lufthansa, Qantas, Emirates, Air France e Singapore são as companhias aéreas que operam o maior jato comercial do mundo. Com dois andares e capacidade para 525 passageiros, é tão grande e pesado que nenhum aeroporto brasileiro tem capacidade para recebê-lo. A Airbus confirma a encomenda de uma versão executiva gigante, mas mantém o nome do comprador em segredo. Teria sido um membro da família real saudita.
Boeing Business Jet 3
70 milhões de dólares (cerca de 119 milhões de reais)
O BBJ é a versão executiva de um velho conhecido: o Boeing 737, o avião de passageiros mais popular do mercado. O magnata da imprensa Rupert Murdoch tem um, assim como o empresário americano Kirk Kerkorian, dono do mais caro empreendimento privado de cassinos na história dos Estados Unidos. O modelo também transporta os primeiros-ministros da Austrália, da Malásia e da Nigéria.
Airbus ACJ
65 milhões de dólares (cerca de 111 milhões de reais)
Você já ouviu falar muito de um dos modelos ACJ: trata-se do Aerolula, o avião presidencial comprado no primeiro mandato do presidente Lula. É também usado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy.
Boeing 747-8
290 milhões de dólares (cerca de 493 milhões de reais)
O Jumbo executivo é a resposta da Boeing ao 380 da Airbus. É mais versátil do que o concorrente por não ser tão gigantesco — o que explica as seis encomendas de bilionários recebidas pelo fabricante americano.
Embraer Lineage 1000
40 milhões de dólares (cerca de 68 milhões de reais)
É o maior jato executivo do fabricante brasileiro, com capacidade para até dezenove pessoas. Pode ser equipado com quarto, chuveiro e sala de reunião, entre outras comodidades. O primeiro comprador foi Amer Abdul Al Fahim, empresário do mercado imobiliário, de Dubai.
Um rei, oito aeronaves
Em matéria de luxo e extravagância aérea, ninguém superou até hoje o rei Fahd, da Arábia Saudita, que governou o país de 1982 até sua morte, em agosto de 1995. Ele dispunha de uma frota de aviões para transportar a família, limusines, tapetes e o que mais lhe desse na telha, da capital, Riad, até um de seus palácios em Marbella, na Espanha, ou em Genebra, na Suíça. A esquadrilha era composta normalmente de oito jatões, entre eles um Jumbo, o avião real, um Jumbo cargueiro, um Boeing 757 transformado em hospital e um MD-11.
236 Jatos
da família Citation voam hoje no país. O Brasil é o campeão de consumo de aeronaves Cessna no mundo — só perde para os Estados Unidos.
Pequenos por fora, grandes por dentro
A maior cabine de um helicóptero biturbina leve é a do Bell 429, recém-aterrissado no Brasil. A configuração máxima permite acomodar até oito pessoas. Custa 5,8 milhões de dólares.
3 milhões de reais
É a taxa extra cobrada para transformar um EC 135, biturbina da Eurocopter, num helicóptero assinado pela Hermès. O valor corresponde a revestir os bancos com couro de bezerro, costurado a mão — a aeronave custa, normalmente, 12,5 milhões de reais. Voam no Brasil 22 desses modelos, nenhum com assentos da grife francesa.
Um Boeing na garagem
O ator americano John Travolta guarda em sua mansão em Ocala, na Flórida, um Boeing 707, jato comercial para até 200 passageiros que equipava as principais companhias aéreas nos anos 60. Ele, que também é piloto, comprou o avião em 1998. Especialistas estimam que Travolta tenha investido cerca de 20 milhões de dólares (cerca de 34 milhões de reais) para recuperar o jato e usá-lo em viagens ao redor do mundo com a família. Em junho, o galã de ‘Os Embalos de Sábado à Noite’ desceu com a aeronave no Rio de Janeiro, numa visita-relâmpago. Seu 707 teve outro proprietário ilustre: o cantor Frank Sinatra, entre 1972 e 1975.
850 milhões de reais
foi o saldo de três dias da feira de aviação executiva Latin American Business Aviation Conference & Exhibition (Labace), em São Paulo, em agosto deste ano. A Dassault Falcon, por exemplo, vendeu três aeronaves no valor de 170 milhões de reais. A TAM Aviação Executiva, que representa os aviões Cessna e os helicópteros Bell, comercializou seis, por 60,7 milhões de reais cada.
Brasileiro Favorito
Em um ano, o número de jatos executivos da Embraer voando na América Latina cresceu de catorze para 67 — sessenta deles apenas no Brasil. Os mais baratos, o Phenom 100 (acima) e o 300, custam 6,4 e 14,3 milhões de reais, respectivamente.
O primeiro avião executivo do mundo
foi o U-4B, uma versão do L-26 fabricado pela Aero Commander. Foi eleito pela Força Aérea dos EUA para transportar o presidente Dwight Eisenhower em viagens rápidas dentro do próprio país entre 1956 e 1960. Comportava até sete passageiros e era impulsionado por dois motores a pistão — ou seja, não era um jato.