Agências de modelos: saiba como funcionam os testes de admissão
Nossa repórter foi a dez delas para conferir como é o processo
Estampar capas de revistas, protagonizar comerciais milionários e desfilar nas passarelas mais quentes do mundo da moda. São muitos os paulistanos e paulistanas que sonham com isso. Segundo o Sindicato dos Profissionais Autônomos Modelos e Manequins do Estado de São Paulo (Sinpromodel), 162 000 homens e mulheres usam sua aparência para ajudar a vender os mais diversos produtos e serviços. E outros tantos tentam a todo custo entrar nesse universo. Com 1,75 metro, 61 quilos, 95 centímetros de quadris, 91 de busto e 71 de cintura, enfrentei o teste de admissão de dez médias e grandes agências de modelo. Fui dispensada prontamente nas mais renomadas: Mega, Ford, Joy, MMI (ex-Elite) e Way. Nas cinco restantes, a aprovação veio acompanhada da “sugestão” de fazer o book (material fotográfico de divulgação) com a intermediação da própria empresa — os preços variaram de 760 a 1 400 reais.
Segundo o Sindicato das Agências de Modelo (Sinag), existem 250 empresas desse tipo na capital. Estima-se que em torno de 4 000 aspirantes a Gisele Bündchen e Jesus Luz batam a suas portas diariamente. Muitos vêm de outros estados tentar a sorte por aqui. Na terça-feira passada, quarenta jovens de vários pontos do Paraná fizeram teste na Way Model, no Jardim Paulistano. Ninguém foi aceito. “Só no último Supermodel Brazil, em 2009, recebemos mais de 750 000 inscrições, 100 000 a mais do que no ano anterior”, afirma Clovis Pessoa, agente internacional da Ford Models, referindo-se ao concurso anual que descobriu talentos como Mariana Weickert e Adriana Lima. “Antigamente não se levava a profissão a sério. Com a explosão de tantas meninas brasileiras lá fora, isso mudou.”
As agências consideradas de primeira linha contam com padrões rigorosos de seleção. Por isso, as mulheres que não têm pelo menos 1,70 metro, até 90 centímetros de quadris e no máximo 60 centímetros de cintura (a medida do busto hoje é mais flexível — não são exigidos os clássicos 90 centímetros) e os homens que não têm acima de 1,80 metro e abdômen definido não devem nem sair de casa para pleitear uma vaga na equipe. A norma de exibir um corpo elegante e longilíneo, sem excesso de tatuagens nem piercings, pele e cabelos bem cuidados vale para ambos os sexos. Não é de espantar, portanto, que a massiva maioria seja dispensada assim que se posta à frente dos examinadores. Algumas das agências realizam uma pré-seleção, em que os concorrentes precisam mandar fotos por e-mail. Outras têm horários definidos para as avaliações. Os testes costumam ser uma pancada na autoestima dos jovens. Na sala de espera veem-se desde moças realmente bonitas a outras claramente fora do padrão desejado. São essas últimas que muitas vezes saem chorando do local da entrevista e ainda ouvem da mãe que não precisam se preocupar, tudo vai dar certo na próxima. “Antes de ir a uma avaliação, é necessário ter noção de que seu biótipo serve para o mercado”, diz o psicólogo especializado em atender modelos Marco Antonio de Tommaso. “Muitas mães nutrem expectativas irreais e incentivam seus filhos à toa.” Para se adequar às exigências, há ainda quem adote comportamentos de risco, chegando a desenvolver transtornos alimentares.
Com essa imensa procura, um filão menos suntuoso — e bem menos exigente — ganha força na cidade. Trata-se das agências de menor porte, que têm como especialidade reunir os chamados modelos comerciais, que participam de figurações, campanhas publicitárias e eventos diversos. A partir de seleções pela internet, em redes sociais como o Orkut, ou por olheiros nas ruas, lugares como a Dolce, a Bravo! e a Jolie recrutam gente de todos os estilos. “Não buscamos os padrões, existe demanda para qualquer tipo físico”, diz Renato Onishi, gerente administrativo da Bravo! Model, que recebe cerca de 25 interessados por dia. “Já me pediram de anões a obesos.” Como os contratos não demandam exclusividade, uma mesma pessoa pode ser agenciada por mais de um escritório. Não há garantia de trabalho. Nenhuma. “Tudo depende do cliente. É ele quem solicita o conjunto de características que está procurando”, diz Onishi.
Nesse mercado de aprovação em série, o interessado deve ficar de olho nas condições oferecidas. A etapa seguinte à admissão é sempre fazer o tal book. “Existe uma indústria para tirar dinheiro das meninas. Se alguém cobra o book, é porque é picareta”, afirma Eli Hadid, fundador da Mega Model. “Deve-se investir no contratado e ganhar o retorno em cima do seu trabalho.” Essa não é uma regra. Costuma ser necessário pagar (às vezes, muito) pelo serviço. A maioria dessas agências garante não fazer o book em seus estabelecimentos nem ganhar comissão com a indicação de fotógrafos. “Eu recomendo quem é de confiança”, diz Tatiana Gonçalves, da Vide Model, que cobra, no mínimo, 810 reais por álbum. “Fico com 220 reais, usados para confeccionar os 100 cartões de divulgação na gráfica. O restante vai para o profissional de foto.” Denise Doss, proprietária da Daphne Agency, mantém um estúdio e um fotógrafo dentro de sua empresa. “Se a gente não gostar das imagens, dá para refazê-las aqui mesmo”, explica. “Mas ninguém é obrigado a realizar conosco.”
A consultora de marketing artístico Margareth Libardi, fundadora do site Assunto de Modelo, que recebe cerca de 200 e-mails por dia com dúvidas de recém-chegadas a esse mundo, calcula que não se deve pagar mais de 700 reais por álbum. “Às vezes, trata-se de um estúdio fotográfico revestido de agência, que não tem clientes e não proporciona trabalho nenhum.” Há casos em que as pessoas pagam os books e ficam à espera de um telefonema que nunca vem. “Em abril, paguei 1 300 reais a uma agência da Vila Mariana para fazer meu material de divulgação e não fui chamada nem para testes”, lembra Bianca Placencio, 17 anos, que na última quarta participou de uma entrevista na Mega.
Quem acha que leva jeito para a coisa e está dentro dos padrões exigidos pelas empresas mais renomadas pode seguir algumas dicas para não se dar mal na hora dos exames. Especialistas recomendam, primeiramente, agir do modo mais natural possível. “O diferencial dos grandes profissionais é, acima de tudo, ser determinado”, acredita o requisitado fotógrafo de moda André Schiliró. O visual deve ser básico — uma produção adequada para as meninas seria um jeans ajustado, uma camiseta regata, salto alto, cabelo natural e maquiagem bem leve. Assim que aprovado, o jovem passa por um período de “incubação”, a fim de ser treinado para o mercado. Se confiantes em sua escolha, as agências costumam investir no pupilo com tratamentos de beleza, passagens de avião, alimentação e moradia. “Construímos uma identidade, uma marca para os clientes”, afirma Alisson Chonark, da Way Model, que diz já ter investido 12 000 reais numa só moça. Nesse processo, a novata contrai uma dívida, que costuma ser paga com trabalhos futuros. “Se ela não conseguir quitar, o débito é perdoado”, garante Hadid, da Mega. “Afinal, o risco é nosso desde o início.” É de praxe que a agência fique com 20% de qualquer serviço. Descontados os impostos, o modelo costuma colocar no bolso 65% do cachê. “A carreira vende uma ilusão de sucesso fácil, mas a realidade não é bem assim”, afirma Jocler Turmina, responsável pelo departamento das novatas, apelidadas de “new faces”, na Joy Model. “Trata-se de uma profissão como qualquer outra, tem de ter paciência para ascender e acumular dinheiro”, diz Chonark, da Way Model. Pelo que pude constatar, não faltam candidatas a top que vão às agências embaladas pelo sonho de brilhar e ganhar polpudos cachês. Como eu, no entanto, quase nenhuma tem chance de realmente chegar lá.
“Esse jeans não te favorece. Perca 6 quilos” – REPROVADA
Comandada pelo empresário-figurão John Casablancas, conhecido por fundar a Elite Model, a italiana Joy tem uma franquia em São Paulo e outra em Porto Alegre. “Recebo cerca de 500 e-mails com fotos por mês”, garante o responsável pelas “new faces”, Jocler Turmina. Por volta das 11 horas, subi as escadas do escritório. Fui atendida prontamente, depois de preencher um questionário com meus dados. Turmina me apresentou a doze funcionários. Apesar da simpatia dos examinadores, fui posta à prova numa situação constrangedora. Todos me analisavam em voz alta, enquanto pediam que eu tirasse o casaco, virasse de lado ou segurasse o cabelo em um rabo de cavalo. “Essa calça jeans não te favorece”, disse uma mulher. Resolveram não dar início ao teste, pois eu estava fora dos padrões. Deveria perder 6 quilos para depois retornar. “Demos a mesma dica a esta menina, e ela engrenou na carreira”, contou um deles, mostrando fotos de uma garota magérrima.
Joy Model Management. Rua Suzano, 88, Jardim Paulista, tel.: 2592-8747. www.joymodelmanagement.com. Quando seleciona: quintas, das 14h às 17h
Promessas de cachês de 100 a 3 000 reais – APROVADA
Há dez anos no mercado, a Daphne é especializada tanto em trabalhos publicitários quanto de passarela. Tem 400 pessoas em seu elenco e afirma receber 250 interessados por semana, boa parte de fora da cidade. Em um predinho no Itaim, visitei a sala de uma produtora que se identificou como Fabiana. Depois de fazer um batalhão de perguntas sobre minhas atividades e ambições, ela pediu que eu andasse um pouco e levantasse a camiseta para mostrar meu abdômen. “Você tem mais a ver com o perfil comercial, porque para ser modelo de passarela precisaria ser pelo menos 3 centímetros mais alta e ter um rosto mais exótico”, constatou. Tirou medidas e apertou delicadamente os “pneuzinhos” da minha barriga. “Não é que seja gorda, mas dá para melhorar, é só praticar um esporte.” Fui aprovada na mesma hora. Precisaria, é claro, fazer um material fotográfico para divulgação, que custaria 1 400 reais em até cinco parcelas. Para isso, a agência conta com fotógrafo e estúdio próprios. “Você, para mim, é um produto. Além de ser bonita, tem de ter boa dicção e saber conversar”, disse Fabiana. Garantiu ainda que era “muito difícil ficar sem trabalho” e que os cachês poderiam variar entre 100 e 3 000 reais.
Daphne Agency. Rua Ribeirão Claro, 59, Itaim Bibi, tel.: 3845-5525. www.daphneagency.com.br. Quando seleciona: segunda a sábado, com horário marcado
“Precisa ter 60 centímetros de cintura” – APROVADA
A Jolie se propõe a divulgar seus mais de 1 000 agenciados para figurações, desfiles, campanhas publicitárias e eventos. Havia oito pessoas na fila quando cheguei. A atendente me entregou uma ficha, na qual eu deveria responder a perguntas como quantas línguas falo e se posso viajar sozinha. Menos de quinze minutos depois, a produtora Betânia Lima me recebeu numa sala em que trabalhavam outros funcionários. Entoou um discurso sobre os mecanismos da profissão e tirou minhas medidas. “Se quiser seguir carreira na passarela, precisa ter 60 centímetros de cintura”, falou. “Mas você resolve com abdominal.” No dia seguinte, Betânia me felicitou pela admissão e indicou a equipe Casa de Fotógrafos para o book. Havia duas opções de pacote, uma de 810 e outra de 960 reais (à vista), com imagens realizadas no próprio estúdio da Jolie.
Jolie Models. Rua Caiowaá, 2276, Sumaré, tel.: 3854-9424. www.joliemodels.com.br. Quando seleciona: segunda a sábado, com horário marcado
“Fique de olho nas agências picaretas” – REPROVADA
Com apenas três anos de atividade, a Way Model integra a lista das mais cobiçadas agências de modelo brasileiras. Entre as tops de seu elenco brilham as gaúchas Carol Trentini e Alessandra Ambrósio, que não costuma sair de casa por menos de 300 000 reais. Esperei sozinha num sofá por cerca de dez minutos, até um garoto de 18 anos que enfrentava seu quarto teste se juntar a mim. Fui levada para uma sala no 2º piso pelo produtor Jackson Victor. De maneira muito simpática, ele explicou durante cinco minutos os motivos da minha reprovação. “Você é uma menina bonita, não dá para negar, mas não tem o perfil de passarela. Já está com 21 anos. As garotas começam muito novinhas, com 15, 16 anos.” Orientou-me a procurar locais especializados em modelos para publicidade, “que é quem ganha dinheiro de verdade no Brasil”, e ficar de olho nas empresas picaretas, que cobram até 2 500 reais por um book . “Ainda assim, dê uma secadinha e deixe as pernas o mais finas e definidas possível”, aconselhou.
Way Model. Avenida Rebouças, 3642, Jardim Paulistano, tel.: 2827-5500. www.waymodel.com.br. Quando seleciona: terças e quintas, das 10h às 17h
Paredão e muito chororô – REPROVADA
Isabeli Fontana, Raica Oliveira e Izabel Goulart são as mais conhecidas personalidades desta disputada agência. “Já chegamos a receber 200 interessados num só dia”, calcula o proprietário da Mega, Eli Hadid. Depois de retirar a ficha de inscrição com a secretária, às 14 horas, fui aguardar em um quintal, onde um grupo de oito meninas e três meninos conversava em roda. As garotas foram convocadas a formar um paredão. Dois funcionários analisaram seu físico em voz baixa e pediram para que quatro delas dessem um passo à frente. Uma das rejeitadas desandou a chorar. Aos meninos, solicitaram que exibissem seu abdômen. Os examinadores deixaram a moçada em pé durante pelo menos quinze minutos, até dispensá-la do teste. Depois de meia hora, um produtor me chamou para a entrevista, que aconteceu ali mesmo, na frente de outros “concorrentes”. Perguntou minhas medidas, parou para atender o celular e tirou duas fotos de perfil, uma de rosto e outra de corpo inteiro. Quando telefonei no dia seguinte, uma recepcionista me informou que, se tivessem interesse, fariam contato em até uma semana, o que não aconteceu. Por que, afinal, não ligam para avisar quem foi rejeitado? “A gente não pode acabar com o sonho de ninguém”, explica Eli.
Mega Model. Avenida dos Tajurás, 197, Cidade Jardim, tel.: 3818-4800. www.megamodelbrasil.com.br. Quando seleciona: quartas, das 10h às 12h e das 14h às 17h
Book por 960 reais – APROVADA
No site da Bravo! (que não tem nenhuma ligação com a revista de mesmo nome, publicada pela Editora Abril) figuravam 3 804 modelos quando dei início à reportagem, no dia 24 de junho. Até a última quarta, já eram 3 977. Momentos antes da minha entrevista, a sala de espera da agência estava lotada. Dez aspirantes a manequim aguardavam junto de seus acompanhantes. Tomei um chá de cadeira das 15 às 16 horas, até ser recebida pela produtora Karina Urio. “Aqui não aprovamos todo mundo”, disse ela. “De nada adianta ter vinte pessoas com características idênticas às suas para disputar os mesmos trabalhos.” Para ser bem divulgada, eu deveria investir em um book de qualidade. “Se as fotos estiverem abaixo da média, as outras pessoas passarão por cima.” Apontou então duas regras para eu me sair bem: não fazer o material em agência de modelos e escolher um fotógrafo especializado em moda que, além de cuidar da produção de roupas, cabelo e maquiagem, soubesse lidar com as novatas. “Eu não faço isso aqui, você vai ter de procurar alguém”, frisou. No dia seguinte, Karina anunciou minha aprovação e me mandou um e-mail com indicações, a meu pedido, de quem poderia ajudar com o próximo passo. Eram duas alternativas: uma custava 810 reais e a outra, 960 reais (valores à vista). “Os custos reais são de 1 900 e 2 500 reais, mas, como consigo liberar o estúdio aqui da Bravo!, eles caem”, escreveu ela, contradizendo sua primeira regra.
Bravo! Model. Rua Luminárias, 94, Vila Madalena, tel.: 3673-3067. www.bravomodel.com.br. Quando seleciona: segunda a sábado, com horário marcado
Depois de dois minutos e meio, um tchau – REPROVADA
Cerca de quarenta pessoas, quase todas em pé, aguardavam nos arredores da recepção da filial paulistana da agência americana. Os aspirantes a modelo, em grande parte acompanhados pelos pais, olhavam-se tensos. Uma garota aflita se comparava às outras presentes, enquanto sua mãe dizia: “Você é linda”. Outra rezava para que a filha fosse aceita. Não funcionou. Após mais de uma hora do lado de fora, fui chamada junto com nove meninas para uma saleta. O avaliador anunciou em voz alta a idade e a altura de cada uma e pediu que virássemos de perfil e, em seguida, levantássemos os cabelos. Tudo durou apenas dois minutos e meio. Solicitou que uma bonita garota de olhos verdes esperasse do lado de fora. Então, disparou, sem maiores explicações: “Queria agradecer a todas que vieram aqui hoje. Vocês não se encaixam no perfil que buscamos”.
Ford Models. Rua Fidêncio Ramos, 195, Vila Olímpia, tel.: 3049-8833. www.fordmodels.com.br. Quando seleciona: primeira quinta-feira do mês, das 15h às 17h
“Comparo um modelo a um bom vendedor” – APROVADA
Ao adentrar o casarão, que não exibia nenhum letreiro do lado de fora, deparei com um salão quase vazio, onde encontrei somente a recepcionista. A produtora Tatiana Gonçalves me recebeu de forma agradável durante vinte minutos. “Comparo um modelo a um bom vendedor. Trata-se de conseguir fazer com que o produto venda igual água através de sua imagem”, disse. Tirou minhas medidas e algumas fotos básicas. “Por você ter uma altura legal, vamos cuidar da cinturinha. Quanto mais de pilão, melhor. Se você achar que vale a pena emagrecer, aposte em uma alimentação saudável e exercícios. Caminhar não adianta nada, tem de correr.” Telefonei no dia seguinte. “Parabéns! Gostamos muito de seu perfil, você é muito fotogênica.” Recebi um e-mail com a indicação de um fotógrafo logo em seguida. Eram três pacotes que incluíam fotos, vídeo e cartões de divulgação. Custavam 810, 1 005 e 1 252 reais, em até dez parcelas.
Vide Model. Rua Banco das Palmas, 248, Santana, tel.: 2283-5200. www.videmodel.com.br. Quando seleciona: segunda a sábado, com horário marcado
“Que bom que você não é uma tontinha” – REPROVADA
Fundada em 1972, em Paris, a agência Elite conta com 36 filiais e já representou Gisele Bündchen. Por causa de um imbróglio judicial, sua ex-franquia paulistana, em Pinheiros, mudou de nome para Model Management International no começo de maio. Continua, porém, com os mesmos modelos e proprietários. Cheguei às 14 horas e já havia três pessoas aguardando. Fui atendida pelo caça-talentos Célio Pereira. “Que bom que você tem 21 anos e não é uma tontinha que não interage”, falou. Aconselhou que eu perdesse, de início, 3 quilos, que logo viraram 4. “O ideal seria alcançar os 55 quilos, mas acho que com 57 você já ficaria magra. Troque o açúcar por adoçante e vamos que vamos.” Contabilizou, então, as pintinhas do meu rosto. “Só de um lado são vinte. Podemos ir ao dermatologista e pedir para tirar tudo.” Continuou: “Você também precisa cuidar do seu pescoço. Faça o exercício de deixá-lo sempre esticado, para não parecer uma velha”. Os conselhos variaram de cortar meu cabelo em uma “superfranja” a fazer um curso de expressão corporal. Fui encaixada na categoria “acompanhamento”. Deveria voltar em dez dias para um novo exame. Dessa vez, com um biquíni em mãos.
Model Management International. Rua Auriflama, 90, Pinheiros, tel.: 3095-6800. www.mmimodelmanagement.com.br. Quando seleciona: terças e quintas, das 14h às 16h
“Tem celulite, estrias, piercings ou tatuagens?” – APROVADA
No site da agência estão cadastrados 2 277 modelos. Ao cruzar a porta de entrada da Dolce Model, recebi um questionário com perguntas como: Qual seu nome artístico? Aceita cortar o cabelo ou posar de biquíni? Os dentes são tortos? Tem celulite, estrias, piercings ou tatuagens? Em seguida, fui chamada pela produtora Kátia Minghini. Enquanto uma garota acompanhada por sua mãe era avaliada ao meu lado, Kátia disse que eu me encaixava no perfil publicitário. “Não há padrão para esse tipo de trabalho, você está excelente.” Para melhorar meu visual, deveria descolorir os pelos do braço, delinear a sobrancelha com um profissional e depilar o buço. A resposta positiva chegou por e-mail na tarde seguinte. “Tenho muito interesse em agenciá-la quanto antes, mas vou precisar de fotos feitas por profissionais. Para ajudar em sua decisão, conversei com um fotógrafo que recomendo.” Caso aceitasse uma das propostas — que iam de 760 a 1 090 reais à vista —, o ensaio seria realizado na própria agência e o book ficaria pronto em um mês.
Dolce Model. Avenida Pacaembu, 763, Pacaembu, tel.: 3202-3454. www.dolcemodel.com.br. Quando seleciona: segunda a sábado, com horário marcado