Continua após publicidade

As aflições do paulistano no divã

Falta de parceiro e impopularidade no Facebook estão entre as questões mais frequentes

Por Daniel Bergamasco
Atualizado em 27 dez 2016, 17h36 - Publicado em 4 ago 2012, 00h51
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Há 45 anos, quando Flávio Gikovate começou a atender seus pacientes, as clínicas de psicologia tinham geralmente duas portas — uma na sala de espera, outra para a saída da clientela. “Assim, ninguém se cruzava e ficava mantido o sigilo”, recorda-se ele. Hoje, nem os frequentadores famosos pedem para usar a passagem dos fundos no elegante imóvel em que está instalado o consultório do especialista, no Jardim Paulista. Ao longo do tempo, muito mais se modificou, conforme relatam dezoito dos principais profissionais da área na cidade, onde há cerca de 37.000 regulamentados para o exercício desse trabalho. “Os homens, que eram poucos, formam atualmente a maioria dos pacientes”, diz o psicanalista Marcio Giovannetti.

    Publicidade

    + Rosely Sayão dá dicas aos pais sobre educação das crianças

    Publicidade

    + O que pensam os nossos estudantes

    + Confissões de paulistanos ao volante

    Em paralelo, o espaço de determinados temas cresceu. “Nunca se citou tanto a carreira, e várias sessões parecem um coaching”, compara Alvaro Ancona de Faria, presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. “Também impressiona como acontecimentos na internet ganharam relevância na vida das pessoas”, lembra outro grande nome do ramo, Miguel Perosa, conhecido pelo seu trabalho com adolescentes.

    + Enquete: Qual é a sua maior aflição?

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Na lista de matérias abaixo, conheça quais são as dez questões campeãs de audiência nos divãs paulistanos. Algumas parecem ser a cara da capital, como o medo da violência. Outras, universais, como a redefinição do papel masculino nos tempos em que a mulher divide as contas. “É natural que os conflitos contemporâneos apareçam primeiro nas grandes cidades. Até nisso somos vanguarda”, diz a terapeuta junguiana Eloisa Penna.

    Espelho, espelho meu

    Situações apresentadas em obras de ficção, especialmente filmes, costumam ser usadas pelos pacientes para exemplificar os conflitos da própria vida. Abaixo, alguns dos títulos frequentes

    Publicidade

    “Millennium — Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (2011)

    “A história da garota abusada que se vinga tornou-se uma referência comum. A identificação pode não ser apenas com a violência sexual ou física, mas com outras formas de opressão”, diz Denise Gimenez Ramos

    Continua após a publicidade

    “O Exótico Hotel Marigold” (2011)

    Aposentados ingleses se hospedam no mesmo hotel na Índia e vivem lá uma série de aventuras. “Pensando estar no fim da vida, eles acham uma saída para seus problemas, reproduzindo anseios comuns dessa idade”, observa Denise

    “Meia-Noite em Paris” (2011)

    A aventura do escritor que viaja entre épocas idealizadas foi sucesso de bilheteria nos divãs. “O filme mostra que outros lugares podem parecer melhores do que aquele onde você está, mas nada é perfeito”, explica Eduardo Ferreira-Santos

    “Melancolia” (2011)

    Continua após a publicidade

    “Mesmo não tendo visto, conheço bem, de tanto que me falaram sobre ele”, diz Oscar Cesarotto. Aqui, são várias as associações com a sensação angustiante das duas histórias de tristeza profunda encadeadas no longa


    “O Diabo Veste Prada” (2006)

    A cena em que Andy Sachs (Anne Hathaway) joga o celular na água, livrando-se da opressão da chefe, ainda põe muitos profissionais para sonhar. “Algumas mulheres também se identificam com a situação em que o marido entra em crise pelo fato de ela trabalhar tanto”, diz Roberto Banaco

    As dores da moda

    De tempos em tempos, expressões usadas por especialistas caem no uso popular, e uma série de clientes chega ao consultório dizendo que tem aquele transtorno. Cada década tem seu “drama” psicológico

    Continua após a publicidade

    ANOS 80

    TRANSTORNO DO PÂNICO

    Publicidade

    Frequentemente confundido com medos e preocupações naturais da vida

    ANOS 90

    BIPOLARIDADE

    Continua após a publicidade

    A alteração de momentos de euforia e tristeza pode até ser problemática, mas não representa necessariamente um transtorno

    ANOS 2000

    ANOREXIA E DEFICIT DE ATENÇÃO

    Publicidade

    Muitos pais acham que a falta de apetite do filho virou doença. da mesma forma, ser desligado não é necessariamente um distúrbio

    ANOS 2010

    “ACUMULADORES”

    A compulsão por encher a casa de tranqueiras ficou conhecida por meio de uma série do canal pago Discovery Home & Health. Pacientes desconfiam que eles próprios ou seus parentes possam sofrer do mal, por serem resistentes a jogar muitas coisas fora

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital
    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de São Paulo

    a partir de R$ 39,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.