Advogada de delatores da Lava-Jato renuncia a todos os clientes
Beatriz Catta Preta ficou conhecida por costurar acordos de delações premiadas na operação da Polícia Federal
Responsável por negociar os principais acordos de delação premiada da Operação Lava-Jato, a advogada Beatriz Catta Preta renunciou a todos os seus clientes. Na última segunda (20), ela apresentou petições à Justiça Federal informando que irá se desligar das defesas do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e do ex-executivo da Toyo Segal Augusto de Mendonça Neto.
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A advogada também não representa mais o lobista Julio Camargo, que agora é defendido por Antônio Figueiredo Basto, mesmo advogado do doleiro Alberto Youssef, outro delator na Lava-Jato.
A advogada foi responsável também pela defesa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, além das filhas Ariana Azevedo Costa Bachmann e Shani Azevedo Costa Bachmann e seus cônjuges, Humberto Sampaio de Mesquita e Marcio Lewkowicz.
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Beatriz também deixou de representar clientes que não são ligados à operação da Polícia Federal. A Ordem dos Advogados do Brasil informou que a decisão da advogada é unilateral e, por isso, não divulgará detalhes sobre o caso. Procurada, ela não foi localizada para comentar o assunto.
Lava-Jato
Beatriz Catta Preta ficou conhecida como a “musa das delações premiadas”. Com a mudança na legislação em 2013, que prevê a extinção ou a redução de até dois terços da pena a quem aceita o acordo, ela conquistou destaque. Atuou em nove depoimentos desse gênero na Lava-Jato, com clientes como Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e Júlio Camargo, ligado ao grupo Toyo Setal.
Quase todos os colegas são contrários ao mecanismo. Com isso, Beatriz passou a ser atacada pelos pares. “Não é uma advogada. O que ela faz é abrir mão de direitos dos clientes. É uma negociadora”, disse Augusto de Arruda Botelho para VEJA SÃO PAULO em março.
Na época, Beatriz não comentou o valor recebido por delação (negou apenas que a faixa de até 2 milhões de reais, estimada no mercado, esteja correta), mas enfatizou a legitimidade do recurso: “Vejo como uma opção a quem responde a uma ação, uma vez que há possibilidade até mesmo da concessão do perdão judicial”, avaliou. “É uma decisão personalíssima do investigado, que, juntamente com a família, avalia os reflexos desse caminho em sua vida pessoal e profissional.”
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Pós-graduada em direto penal empresarial pela Fundação Getulio Vargas, a advogada na época acreditava ter tantos casos nas ações atuais graças à sua experiência. No mensalão, atuou no depoimento do operador financeiro Lúcio Funaro. Por saberem pouco sobre ela, alguns a apelidam de “Doutora Caixa-Preta” (outros, de “Gata Preta”, por considerá-la bonita).