‘Acorda Zé! A Comadre Tá de Pé!’ interpreta literatura de cordel
Elenco funde comedia dell'arte italiana e regionalismo brasileiro no Teatro Cacilda Becker
Zé-di-Riba é irmão de Macunaíma e Pedro Malasartes, primo de João Grilo e Chicó (personagens de ‘O Auto da Compadecida’) e parente próximo de Arlequim, o servidor de dois patrões da trama do dramaturgo italiano Carlo Goldoni. Protagonista da comédia ‘Acorda Zé! A Comadre Tá de Pé!’, o boa-vida interpretado por Fabiano Manhães representa aquele tipo brasileiro bem puxado para a caricatura, no limite da malandragem e da simpatia, muito comum pelo menos na ficção. Porém, o diferencial do espetáculo do Grupo Moitará, conhecido no Rio de Janeiro pelo uso de máscaras, consiste em fundir de maneira precisa e criativa elementos da commedia dell’arte italiana ao regionalismo nacional.
Escrita e dirigida por Venício Fonseca, a montagem, em cartaz no recém-reformado Teatro Cacilda Becker, na Lapa, é ambientada em uma noite propícia para aventuras fantásticas. Maria (Erika Rettl), a mulher de Zé, ouve a notícia de um eclipse. Assustada, ela corre para dividir a preocupação de um possível mau agouro com o marido, que, deitado na rede, tenta distraí-la inventando causos. Nessas histórias, surgem personagens como um rei, um capataz e Moça Caetana (Mariana Bernardes Baltar), a morte. O elenco uniforme — complementado por André Marcos, Diogo Borges e pelo autor-diretor — canta, dança e toca instrumentos percussivos. Dele sobressai a versátil Erika Rettl, que, além de fazer a dona de casa Maria, interpreta o monarca com um surpreendente trabalho de corpo e voz.
AVALIAÇÃO ✪✪✪