MIS renova as atrações e atrai mais frequentadores
Em 2011, mais de 86.000 pessoas estiveram no local, movimento 40% superior ao do ano anterior
Inaugurado em maio de 1970, o Museu da Imagem e do Som (MIS) conquistou nas suas primeiras décadas de atividade uma posição de referência cultural por preservar e difundir vídeos, gravações de áudio e fotografias. Passou por pelo menos cinco endereços, até ocupar, em 1975, sua sede atual, um edifício de 5.600 metros quadrados no Jardim Europa. Nos últimos tempos, entretanto, a instituição ligada à Secretaria de Estado da Cultura havia perdido força. Nem uma reforma estimada em 3 milhões de reais, realizada em 2008, ajudou a reerguê-la.
+ Warhol e Kertész atestam o sucesso da mudança de rumo no MIS
Felizmente, essa situação mudou de forma radical de uns meses para cá. Desde junho do ano passado, o MIS passa por uma boa fase, com uma série de novas atrações. Uma delas é o restaurante moderninho Chez Mis, dos donos da boate Bar Secreto, inaugurado por lá em março. O burburinho, principalmente à noite, é notável. Além de conferir as programações mensais, como a Cinematographo, que mistura filmes mudos com trilha sonora de bandas tocando ao vivo, a turma alternativa também visita o MIS nos shows de cantores da nova geração, como Thiago Pethit, que começaram a ser agendados com frequência no espaço. Durante o dia, a criançada é atraída pela Maratona Infantil, realizada um domingo por mês, para ouvir os contadores de histórias e participar de oficinas. Essas e outras iniciativas multiplicaram o público. Em 2011, mais de 86.000 pessoas estiveram no local, movimento 40% superior ao do ano anterior.
Um dos maiores responsáveis pela evolução recente é seu diretor executivo, o gaúcho André Sturm, de 45 anos, que assumiu o cargo no ano passado. “Na época, o museu seguia uma linha de programação muito importante, voltada para a arte contemporânea e as novas mídias, mas que atingia um grupo bastante específico de interessados”, afirma, dizendo com outras palavras que quase ninguém aparecia por lá. “Cheguei com a missão de atrair mais gente e tornar o MIS um centro cultural, já que temos um espaço grande, com boa infraestrutura e fácil acesso.” A virada foi possível, mesmo com ligeira redução no valor do orçamento anual, que passou de cerca de 13 milhões de reais, em 2010, para 12 milhões, em 2011. “Percebe-se uma instituição bem mais ativa na cidade”, elogia Nelson Colás, diretor de relações institucionais da Federação de Amigos de Museus do Brasil (Feambra). Seis exposições estão em cartaz neste mês. Uma delas, batizada de Superfície Polaroides (1969-1986), reúne 300 fotos feitas pelo americano Andy Warhol (1928-1987) com a célebre câmera instântanea. O apelo pop do evento desperta também o interesse dos mais jovens. “Queremos que essa turma venha até aqui e aproveite para descobrir outros artistas não tão famosos”, explica Sturm. Prova disso é que eventos agendados até meados de 2014 misturam fotografias do superstar inglês David Bowie com uma mostra de filmes aborígenes australianos.
Formado em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas, o diretor atua também no mercado do cinema, no papel de proprietário da distribuidora Pandora Filmes. Em 2002, assumiu com os sócios da produtora O2 o cinema Belas Artes, quando o complexo havia entrado em decadência. “Era um sonho de vida recuperar aquele lugar”, conta ele. “Lembro como sofria por ver longas como “As Tartarugas Ninjas” passando naquele templo.” Após uma reforma e a criação de programas como o Noitão (maratona de três filmes durante a madrugada), fez com que as salas ficassem novamente badaladas, até seu fechamento, em março do ano passado. Na ocasião, Sturm ocupava o cargo de coordenador da unidade de fomento e difusão de produção cultural da Secretaria de Estado da Cultura. Demorou pouco para sair de lá e virar o poderoso do MIS. Hoje, ele viaja em busca de parcerias para trazer cada vez mais exposições interessantes para o museu. Desde outubro, já esteve na França e na Alemanha. Com tantas novidades, o futuro do centro cultural do Jardim Europa nunca pareceu tão promissor.
ANOTE NA AGENDA
O que vem por aí na programação do MIS
■ Junho de 2012 – Mostra de cinema do italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975)
■ Julho de 2012 – Exibição de filmes e fotos do francês Georges Méliès (1861-1938)
■ Dezembro de 2012 – Festival de videoclipes
■ Outubro de 2013 – Retrospectiva do diretor americano Stanley Kubrick (1928-1999)
■ Março de 2014 – Exposição de fotos, figurinos e objetos pessoais do cantor inglês David Bowie