‘A Grande Volta’, dirigida por Marco Ricca, trata de embate familiar
Com Fúlvio Stefanini e Rodrigo Lombardi no elenco, peça está em cartaz no Teatro FAAP
Fórmula certeira, os conflitos familiares costumam ser facilmente assimilados pela plateia — sobretudo se a abordagem enfocar desajustes de parentes próximos, do tipo pais e filhos ou marido e mulher. Escrito pelo belga Serge Kribus, ‘A Grande Volta’ surge como um desses exemplos. O texto bem construído transita do melodrama à comédia dramática. Sob a direção seca de Marco Ricca, a montagem protagonizada por Fulvio Stefanini e Rodrigo Lombardi lima qualquer pieguice e promove um embate revelador.
Na trama, a vida não anda fácil para Henrique (Lombardi). Esse publicitário reconhecido transformou-se, de repente, em desempregado e perdeu a mulher. Para completar, o pai (Stefanini), um ator decadente, bate à sua porta de mala na mão e, vociferando, diz que voltará à cena no papel de protagonista de ‘Rei Lear’. O homem jamais convenceu alguém de seu talento no palco, quanto mais o filho… Do outro lado, diante da nova situação, é o jovem quem agora esconde o atual fracasso. Para resgatar a mínima intimidade, a dupla precisa reconhecer os pontos fracos e, talvez, suas semelhanças.
Ao optar por soluções diretas — entre elas um cenário único adequado a três situações — e atuações distantes da emotividade fácil, o diretor reproduz a difícil comunicação do universo masculino. Os intérpretes crescem ao realçar olhares perdidos e uma dureza ao se encarar. De geração intermediária à dos personagens, Marco Ricca, de 48 anos, equilibrou a empáfia de um trintão e a necessidade de sonhar dos que beiram os 70 em um jogo comovente e nada banal.
AVALIAÇÃO ✪✪✪✪