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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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Por que muitas vezes as dietas não funcionam? Seis modos da mente nos sabotar

A maioria das pessoas que emagrecem após uma dieta alimentar restritiva volta a engordar depois de algum tempo. Mais da metade da população brasileira está acima do peso e menos de 1/5 desse contingente consegue manter algum tipo de dieta prolongada, o que acarreta outros problemas de saúde como diabetes e doenças cardíacas. Esse baixo sucesso […]

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 26 fev 2017, 12h04 - Publicado em 9 Maio 2016, 15h59

dietas

A maioria das pessoas que emagrecem após uma dieta alimentar restritiva volta a engordar depois de algum tempo. Mais da metade da população brasileira está acima do peso e menos de 1/5 desse contingente consegue manter algum tipo de dieta prolongada, o que acarreta outros problemas de saúde como diabetes e doenças cardíacas. Esse baixo sucesso se deve a fatores psicológicos:

+ Ciúme não é prova de amor

Consciência paradoxal. A psicologia social já demonstrou que é praticamente impossível ignorar um estímulo sobre o qual decidimos não pensar. Por exemplo, não pense sobre um urso polar (o experimento original usou exatamente este conceito). Provavelmente a imagem de um urso branco saltou agora na sua consciência de maneira involuntária. Do mesmo modo, impor-se a regra “não coma carboidrato” fará com que você tente não pensar sobre essa classe de alimento (pães, massa etc) e o resultado será o mesmo do exemplo do urso.

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Efeito rebote. O esforço desagradável feito para manter a dieta gera uma tensão que, caso a dieta seja quebrada, faz com que a pessoa coma quantidades exageradas do alimento que vinha evitando. Alguns estudos mostram que mesmo a simples sensação de que a dieta foi quebrada inaugura uma fase na qual a pessoa pensa que, já que ela quebrou a regra, a dieta já fracassou mesmo e ela, portanto, pode permitir-se comer. Os mesmos estudos mostram que a pessoa come agora ainda mais do que comia antes.

Significado evolutivo da restrição alimentar. Independentemente de nossa consciência a respeito dos objetivos da dieta, redes primitivas de nosso cérebro responsáveis pela codificação emocional da realidade interpretam a dieta como uma dificuldade de acesso ao alimento. Isso faz com que o organismo passe a preservar ao máximo a gordura já presente (tirando energia preferencialmente da destruição muscular), bem como passe a estocar o máximo possível de gordura a partir do que se come dali em diante. Imagine esse processo combinado com o efeito rebote citado anteriormente.

+ O perigo de se criar memórias falsas

Frustração. Fracassar na manutenção da dieta gera sentimentos de culpa, raiva e tristeza. A frustração decorrente potencializa o efeito rebote. Isso acontece porque quando estamos angustiados buscamos involuntariamente (fisiologicamente) o extravasamento do stress e o alívio da tensão. Uma das formas para se alcançar esse rápido alívio é através do comer compulsivo e/ou da ingestão de alimentos nada saudáveis mas com elevado valor de prazer, como os açúcares e as gorduras. A título de exemplo, outras formas de prazer rápido são o sexo, as drogas e o álcool. Daí seu forte poder como fontes de compulsão.

Na alegria e na tristeza. Nós só não desejamos comer em três ocasiões: durante o sono, durante o esforço físico e durante o curso de uma doença ou agressão ao corpo. Fora dessas condições, sempre podemos exagerar na alimentação, na alegria e na tristeza. Como a modulação pela aprendizagem das preferências alimentares é bastante forte, quem aprendeu a comer alimentos menos saudáveis tende a buscar exatamente estes alimentos nos picos de alegria ou de tristeza, tanto faz.

Sucesso na dieta. Mesmo naqueles casos em que a meta de emagrecimento baseada na dieta é alcançada pode haver fracasso… e normalmente há. Quando a pessoa atinge a meta, a dieta restritiva é trocada pela dieta ideal. O problema é convencer aquelas partes primitivas do cérebro de que está tudo bem e de que o acesso ao alimento é garantido bem como bloquear o efeito rebote. A pessoa passa a ingerir quantidades gradualmente maiores de alimento. Não só se recuperam os quilos perdidos como há uma tendência em adquirir outros ainda acima da massa corpórea antes da primeira dieta.

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Por conta desses fatores, agora melhor compreendidos, os profissionais de nutrição e de medicina têm buscado propostas de educação ou reeducação alimentar, nas quais a dieta caminha de forma gradual na direção da dieta ideal para cada indivíduo. Concomitante ao processo de reeducação alimentar, as demais áreas da vida do indivíduo também são trabalhadas, principalmente o condicionamento físico. A psicologia, além trazer à luz a influência dos fatores emocionais no comportamento alimentar, pode auxiliar nos programas de perda de peso por meio da psicoterapia, tanto individual quanto em grupo.

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