Guilherme Boulos é homenageado por formandos da Escola da Cidade
Alunos de uma das principais faculdades de arquitetura particulares da capital escolhem como patrono o ativista dos sem-teto; veja o vídeo do discurso
Na última noite da sexta (8), cerca de 200 pessoas lotaram o auditório da Escola da Cidade, uma das principais faculdades particulares de arquitetura de São Paulo (com mensalidade a 3 620 reais). Era a colação de grau de 43 formandos de 2018. A personalidade que representou os alunos foi Guilherme Boulos, ex-candidato à presidência pelo PSOL, ativista em prol da causa dos sem-teto. “Essa escolha foi unânime entre nós porque ele abraça um discurso que acreditamos, que é a batalha por uma cidade mais humana, com moradias dignas para todos”, diz Caio Ferreira, de 25 anos, representante de turma.
O curso leva seis anos e a escolha do patrono surgiu no início do segundo semestre do ano passado, bem na época das eleições presidenciais. Algumas personalidades s da arquitetura foram cogitadas para representar a turma, mas os jovens preferiram Boulos. A equipe da faculdade entrou em contato com a assessoria do ativista e ele topou na hora. “As famílias, mesmo que com ideologias contrárias, respeitaram nossa decisão. E deixo claro que Boulos representa a nossa turma, não a instituição em que nos formamos”, afirma Ferreira.
Na cerimônia e, pasmem, até nas redes sociais, nenhum dos formandos ouviu até o momento comentários típicos de eleitores de Bolsonaro. Ou seja, nenhum parente dos jovens ou pessoas próximas inundou as redes sociais da turma com expressões como “ele sim”, “viva o mito” ou ” fora esquerda caviar”. “Toda a plateia ouviu o discurso de Boulos em silêncio, com respeito”, lembra Ferreira. Durante vinte minutos, o ex-candidato elogiou as construções de Oscar Niemeyer aqui na capital, além de pontuar a importância do arquiteto ao planejar a cidade, pensando em soluções para a falta de moradia e também nos grandes deslocamentos sofridos pela população da periferia.
Ao final da cerimônia, Boulos conversou com alguns alunos e depois foi embora. Ele não ficou para o coquetel, que foi uma festa simples, com espumante e uns canapés. Tudo terminou por volta das 22h. “Fomos na contramão de algumas turmas e não quisemos fazer festão. Foi tudo muito simples. Nem precisou fazer vaquinha porque o custo da festa ficou no orçamento normal, oferecido pela faculdade”, conta Ferreira. “Mais do que badalações, estamos focados em entrar no mercado de trabalho e fazer uma São Paulo melhor”, finaliza.
Abaixo, um trecho do discurso de Boulos aos formandos: