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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Médico de Bolsonaro o chama de “presidente” e declara voto no candidato

O cirurgião Luiz Macedo, que já operou personalidades como Silvio Santos e Hebe Camargo, rebate críticas a atestado

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
11 out 2018, 17h51

Quando seu telefone tocou às 20h do dia 6 de setembro, uma sexta-feira, o médico cirurgião Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, de 67 anos, especializado em aparelho digestivo e atuando há quatro décadas no Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi, não imaginava que teria, a partir dali, a função de tratar da saúde de um dos homens mais polêmicos do Brasil. O deputado federal Jair Messias Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL, tinha acabado de levar uma facada na região do abdome, na cidade de Juiz de Fora (MG).

Entre o telefonema e o embarque em um helicóptero particular, passaram-se apenas noventa minutos. De São Paulo a Jundiaí, onde subiu em um avião monomotor, e depois ao município mineiro, mais duas horas e meia. “Cheguei e fui logo ver o ‘presidente’. Cuidamos dele a noite toda e o trouxemos para São Paulo no dia seguinte”, recorda-se. A segunda cirurgia de Bolsonaro (a primeira ocorreu no dia da facada) se deu na semana posterior e até a alta passaram-se mais catorze dias. Ele voltou para casa, no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro.

Na última quarta (10), em visita ao paciente na capital fluminense, Luiz Macedo atestou que o político ainda precisa de cuidados e não pode voltar a trabalhar (campanha nas ruas e debates políticos estão vetados), o que gerou uma onda de comentários e memes na internet, inclusive alguns que colocaram em xeque a lisura da declaração do profissional. “Não tenho nada a ver com debate. Meu problema é o doente. Não vou colocar o ‘presidente’, recém-operado, em uma situação na qual ele pode desmaiar, bater a cabeça. Ele está quase bom e poderá ter alta na quinta-feira (18)”, afirma. Nesse dia, o líder das pesquisas virá a São Paulo para realizar novos exames no Hospital Albert Einstein.

Na semana anterior, o profissional já havia vetado a participação do capitão reformado no debate da Globo. A negativa gerou a desconfiança do então candidato Ciro Gomes (PDT), que duvidou da condição do colega. “Isso aqui é uma democracia que vai sobreviver a você [Bolsonaro] e eu vou tirar sua máscara, você não pode deixar de ir ao debate, você está mentindo, e atestado médico falso é crime. Vá ao debate da Globo que eu vou mostrar que você é uma cédula de ‘3 real'”, disse à época. “O Ciro Gomes deveria falar pessoalmente, se for homem. Se ele acha que forneci atestado falso para o ‘presidente’, precisa provar. Se não, toma processo. Não tenho medo”, ameaça Luiz Macedo.

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Durante o tratamento de seu paciente, o médico afirma que Bolsonaro foi simpático com todos os funcionários que o atenderam. “Bolsonaro é muito brincalhão. O que chamou a atenção foi o carinho que ele teve com as enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, as meninas da limpeza. Eu conheço bem a alma humana. Quando o indivíduo é prepotente, ele não vai me tratar mal, mas vai maltratar quem está abaixo de mim. Ele não teve nenhuma falta de educação. Pode perguntar pessoa por pessoa. Aqui virou todo mundo eleitor do Bolsonaro, inclusive eu.”

História

Nascido em São Paulo, em 7 de abril de 1950, Macedo se formou em 1973 pela Faculdade de Medicina da USP. Dali para o Hospital Israelita Albert Einstein foram cinco anos. Começou a ganhar respeito após realizar, com sucesso, cirurgias complexas. Ainda em início de carreira, foi chamado a Minas Gerais para dar sua opinião sobre o estado de saúde do então vice-presidente Aureliano Chaves. “Fiquei nervoso”, chegou a falar.

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A mesma sensação lhe ocorreu quando realizou uma cirurgia em Silvio Santos, há três décadas. Também operou Hebe Camargo e Dercy Gonçalves. Devido à experiência adquirida em anos de procedimentos diários, Macedo foi convidado a liderar uma equipe de nove profissionais. Um deles, que o acompanha há mais de dez anos, é o gastrocirurgião Wagner Marcondes, 49 anos, quase vinte deles no mesmo hospital e também profissional que operou Bolsonaro. Em seus consultórios particulares, a lista de celebridades atendidas pela dupla é grande e inclui Nando Reis, Fausto Silva e Ana Maria Braga.

No dia a dia, para aguentar a rotina de pelo menos duas operações, o primeiro passo de Macedo consiste em cuidar da alimentação. “No almoço como patinho com batata doce. No meio da tarde, peito de frango com brócolis. Na janta, é um peixe e um pedaço de carne, além de um legume”, conta. A segunda regra é cuidar do corpo. “Faça dia ou faça sol, realizo trabalhos musculares por meia hora, sem direito a conversa ou qualquer tipo de dispersão.”

Questionado pela reportagem o motivo de chamar o candidato de “presidente”, o profissional da saúde diz que foi um hábito adquirido durante o tratamento.

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