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Poder SP - Por Sérgio Quintella

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Guilherme Boulos se pronuncia sobre a vitória de Covas

"Não está terminando, está começando", disse candidato derrotado do PSOL

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 nov 2020, 19h47 - Publicado em 29 nov 2020, 19h37
Boulos: segundo colocado na eleição de 2020 (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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O candidato derrotado Guilherme Boulos (PSOL) afirmou neste domingo (29) que sai vitorioso da eleição. Da sacada de sua casa, no Campo Limpo, Zona Sul, falou: “Não está terminando, está começando. Quero agradecer a cada um, cada uma que me acompanhou”.

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTS) recebeu 2,1 milhões de votos, mas não conseguiu superar Bruno Covas (PSDB), que recebeu 1 milhão de votos a mais. Acometido pela Covid-19, Boulos está sem sair de casa desde sexta-feira (27). “A gente vai ganhar, a gente vai vencer. Não foi nesta eleição, mas a gente vai ganhar”, disse. Veja abaixo o discurso de Boulos.

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Nascido e criado entre Pinheiros e a Pompeia, na Zona Oeste, Guilherme Boulos trocou a casa dos pais e a abastança da classe média alta, em 2002, para viver em um acampamento do MTST em Osasco. Dormiu em ocupações por dois anos e se tornou o principal líder do movimento. Há sete anos mora no Campo Limpo com a esposa e as duas filhas em um sobrado de 100 metros quadrados no nome do pai.

Na segunda empreitada eleitoral da vida (em 2018 obteve 617 000 votos para a Presidência), Boulos tratou o meio ambiente como um dos pilares de sua candidatura. Porém, não explicou por que, no passado recente, seu MTST invadiu terrenos em área de proteção ambiental, como no Jardim Ângela, às margens da Represa Guarapiranga. Chamado de Ocupação Nova Palestina, o espaço, que deveria virar um parque, tem 1 milhão de metros quadrados (maior que os parques Villa-Lobos e Aclimação juntos) e abriga desde 2014 cerca de 2 000 famílias, que vivem de forma precária.

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A ideia era construir moradias para mais de 20 000 pessoas, mas o dinheiro do governo federal, via Minha Casa Minha Vida, nunca veio. Já o chamado Copa do Povo, um terreno de 155 000 metros quadrados (maior que o Parque Burle Marx), em Itaquera, foi invadido a um mês da Copa. Em 2015, acabou comprado pelo governo federal por 53 milhões de reais (valor atualizado), mas o dinheiro para a obra nunca saiu. Em outros casos, o desfecho foi ainda pior, como em 2012, no bairro Pinheirinho, em São José dos Campos. Após uma violenta ação de reintegração de posse, Boulos se tornou réu por vandalismo.

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Para compensar sua inexperiência em gestão, o líder do MTST escalou a deputada e ex-prefeita Luiza Erundina como vice. Como prefeita (1989-1992), saiu com apenas 20% de aprovação, ganhando só de Celso Pitta. Entre pontos que geraram críticas, a mudança da prefeitura para o Palácio das Indústrias (que em nada mudou o abandono do vizinho Parque Dom Pedro) e milionárias obras entregues incompletas, como o Sambódromo do Anhembi e o Anhangabaú.

Se conseguisse se eleger, Boulos enfrentaria os mesmos problemas que ela na Câmara. Prometeu até ressuscitar algumas propostas que naufragaram por falta de apoio dos vereadores, incluindo muitos do PT, seu então partido, como o IPTU progressivo e a tarifa zero no transporte. Para isso, prometia diálogo, o que se traduziu na mudança de seu estereótipo de radical (até adotou a barba aparada), como fez o então candidato Lula em 2002. Aliás, Boulos era o preferido do petista na capital. Ambos se tornaram próximos quando o ex-presidente foi preso, há dois anos. Nos últimos dias, o candidato do PSOL precisou explicar diversas vezes a ideia de que contratar mais servidores concursados faria o déficit previdenciário municipal retroceder.

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