Ex-amigos, França e Doria batem boca em debate da TV Globo
Encontro de candidatos na noite de terça (2) foi marcado por dobradinhas e falta de propostas
Quem ficou acordado até tarde na noite de terça (2) viu um debate marcado por discussões pessoais, direitos de resposta negados, dobradinhas, algumas provocações e poucas propostas práticas. Realizado pela TV Globo, o último encontro dos concorrentes ao cargo no Palácio dos Bandeirantes antes das eleições de domingo (7) começou às 22h e terminou quase três horas depois. Participaram João Doria (PSDB), Luiz Marinho (PT), Marcelo Candido (PDT), Márcio França (PSB), Paulo Skaf (MDB), Professora Lisete (PSOL) e Rodrigo Tavares (PRTB).
Nos blocos em que os candidatos optavam para quem poderiam perguntar, o tucano Doria e o advogado Tavares se escolheram seis vezes. Na última, quando poderia ter questionado Skaf ou França, o ex-prefeito de São Paulo ouviu gargalhadas da plateia quando escolheu novamente o colega filiado ao partido de Levy Fidelix, do aerotrem, e candidato a deputado federal, apoiando a legenda de Jair Bolsonaro (PSL) na esfera federal. Outras dobradinhas, como Luiz Marinho e Marcelo Cândido, também marcaram o debate.
Com poucas propostas de interesse do eleitorado e da população (temas como transporte, Cracolândia e medidas econômicas práticas não foram citados), o que mais chamou a atenção foram as provocações. Em duas oportunidades, a Professora Lisete (PSOL) optou pelo ex-prefeito paulistano e, antes de emendar a pergunta, disse que escolheria o político que abandonou a prefeitura paulistana, levantando gargalhadas do público.
Quem também lembrou a saída precoce de Doria da gestão municipal foi Luiz Marinho, durante o primeiro embate mais caloroso. “Você foi prefeito de São Paulo e a única coisa que conseguiu fazer em um ano, três meses e sete dias foi ser condenado por improbidade administrativa”, provocou. Na resposta, Doria disparou, citando o ex-presidente Lula: “Você deve ter amnésia, Marinho. Quem está preso é o presidente de honra do seu partido. Preso e condenado. Só da Petrobrás vocês assaltaram mais de 150 bilhões de reais”. Depois que os candidatos tiveram os microfones desligados, Marinho provocou: “Um ano e três meses só, Joãozinho”. Mais gargalhadas e o primeiro pedido de resposta, por parte do petista, e que foi negado pela emissora.
Por volta da meia-noite ocorreu o embate mais tenso. Ao relembrar uma fala de Doria naquele mesmo dia, durante entrevista à Rádio Bandeirantes, França disse que “polícia não tem que atirar para matar”, ao contrário do que pregava seu oponente. Lembrou também que a campanha tucana zombava com sua saúde, ao mostrar imagens de quando estava bem acima do peso. “Eu percebo que as pessoas te orientam e você fala. Tudo na sua campanha, para mim, é marketing, não é sincero. Eu conheço você. Muitas coisas que você fala não parecem ser verdadeiras”, disse, ao ser cortado por Doria: “Espere até janeiro e você verá”. Na sequência, o atual governador falou que o oponente “não manda nas coisas, nas pessoas. Você não manda e não pode falar no meu tempo. Ele pode falar?”, questionou o candidato do PSB ao apresentador César Tralli.
Com um minuto para responder, o ex-prefeito paulistano primeiro pediu calma ao oponente. “Se precisar, mandamos servir uma maracugina para você. Estamos em um debate e eu não acusei você nem de gordo e nem de magro. Eu apenas lembrei que num passado recente você foi líder do governo Lula. Você fez parte do conselho político do governo Lula. Aliás, fico pensando quais conselhos você deu ao Lula, que está preso em Curitiba”. Ex-deputado, França foi líder do PSB na Câmara, legenda que dava apoio à gestão do petista, mas não foi líder do governo, que é um posto diferente. As legendas aliadas formavam o chamado conselho político do governo Lula. Em seguida, mais discussões, com o microfone fechado, entre ambos, que foram amigos até 2017, ano em que Doria assumiu a gestão paulistana.
Em outro momento, o tucano rivalizou com o pedetista Marcelo Cândido, ex-prefeito de Suzano, na Grande São Paulo, que criticou a passagem dele pela prefeitura paulistana. Em resposta, Doria afirmou que Cândido tem uma condenação à prisão e que todas as suas contas foram reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). O colega retrucou e disse que Doria desviou “6 milhões e meio de cruzados” quando presidiu a Embratur no governo José Sarney. O ex-prefeito chamou a acusação é “mentirosa e insidiosa” e disse que ele foi do Partido dos Trabalhadores por três décadas. “Aliás, uma boa aula de crime é frequentar o PT. Ele está com mandado de prisão, em tese ele nem poderia estar disputando a eleição”, afirmou o tucano. Cândido pediu direito de resposta, o que foi negado pela emissora.