Dilma processa Bolsonaro por fala sobre “mãos manchadas de sangue”
A petista acionou o STF no último dia 3 por suposta insinuação do presidente sobre assassinato de capitão americano
A ex-presidente Dilma Rousseff entrou com um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 3 contra o atual mandatário da República, Jair Bolsonaro. A petista quer saber se a fala do ex-capitão do Exército, durante viagem aos Estados Unidos, em maio, foi dirigida a ela. Na época, o presidente afirmou que “quem até há pouco ocupava o governo, teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada, matando inclusive um capitão”.
Bolsonaro, que não citou especificamente o nome da antecessora, se referia ao capitão do Exército americano Charles Rodney Chandler, veterano da Guerra do Vietnã, assassinado em 1968, em São Paulo. No ano seguinte, o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) atribuiu a autoria do crime a Carlos Marighella e outras nove pessoas.
Na petição protocolada no STF pelo ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, Dilma faz sete perguntas, que deverão ser respondidas pela defesa do atual presidente. Veja as questões:
– O senhor se referia à ex-presidenta Dilma Vana Rousseff quando disse que “quem até há pouco ocupava o governo teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada”?
– Quando o senhor mencionou que esse alguém teria “matado inclusive um capitão”, o senhor quis dizer que a ex-presidenta Dilma Vana Rousseff teria matado o capitão Charles Chandler?
– Se o senhor não se referia à ex-presidenta Dilma Vana Rousseff, a quem o senhor fazia referência?
– O senhor sabe quem são as nove pessoas responsabilizadas pelas autoridades policiais pela morte de Charles Chandler?
– O senhor sabe se alguma delas trabalhou no Poder Executivo Federal recentemente?
– O senhor possui algum documento que indique qualquer acusação formal contra a ex-presidenta Dilma Vana Rousseff, ou contra qualquer outra pessoa que tenha trabalhado recentemente no Poder Executivo, sobre fatos que envolvem a morte de Charles Chandler?
– Caso o senhor não possua informações sobre a participação da ex-presidenta Dilma Vana Rousseff ou sobre qualquer outra pessoa que tenha trabalhado recentemente no Governo Federal no evento morte de Charles Chandler, o que o levou a fazer tais afirmações?
Na petição, Aragão afirma que, caso as respostas sejam positivas e endereçadas a sua cliente, a fala de Bolsonaro pode caracterizar crime de injúria e difamação. Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência não se pronunciou.