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Nelson Leirner (1932-2020): o humor e a ousadia na arte

O artista plástico paulistano, que morreu no último dia 7, rompeu com a arte tradicional ao usar brinquedos e objetos do cotidiano em suas obras

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 mar 2020, 11h50 - Publicado em 13 mar 2020, 06h00

Em 1967, o artista plástico paulistano Nelson Leirner enviou um porco empalhado dentro de um engradado de madeira para o 4º Salão de Arte Moderna de Brasília. A obra, uma crítica ao mercado das artes e batizada de O Porco, foi selecionada. Leirner, então, questionou os critérios da curadoria em um manifesto publicado no Jornal da Tarde. “Era um ‘metaúso’ da arte: ele a usava para discutir a lógica de seu próprio meio”, diz o curador Daniel Rangel.

O Porco: crítica ao mercado das artes (Reprodução/Veja SP)

Pintor, desenhista, cenógrafo, Leirner morreu no sábado (7), aos 88 anos, em decorrência de um infarto, em sua casa no Rio de Janeiro. Deixou quatro filhos e dois enteados. Seus pais, a escultora Felícia Leirner e o empresário Isaí Leirner, foram fundadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o que explica sua trajetória natural pelo mundo das artes, ainda que ele tenha dito ao longo da vida que nunca planejou fazer parte dele.

Homenagem a Fontana, obra dos anos 1960, com lona e um zíper: primeiras peças produzidas com material industrializado e itens sem propriedade artística (Reprodução/Veja SP)

A postura bem-humorada e crítica de Leirner começou a ganhar corpo nos anos 60, quando ele fundou o Grupo Rex ao lado de Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, José Resende, Carlos Farjado e Frederico Nasser. O coletivo artístico se valia da ironia e da irreverência para debater as críticas de jornal, os museus e as bienais, por exemplo. “Ele tinha uma postura combativa, um certo escárnio em relação ao sistema de arte”, contextualiza Resende.

Obra da mostra “Tatu: Futebol, Adversidade e Cultura da Caatinga” (Reprodução/Veja SP)

Leirner também fez frente às questões políticas da época. Em 1969, contra a ditadura militar, decidiu fechar sua sala na 10a Bienal em São Paulo. Ele não participou da edição seguinte, em 1971, e expôs a série A Rebelião dos Animais, em 1974, com alegorias à situação política vigente. No âmbito artístico, sua importância ainda deve ser lembrada pela ruptura com os suportes tradicionais. “Ele trouxe os objetos do cotidiano para o museu, uma característica que vinha de Marcel Duchamp e outros movimentos fora do país”, continua Rangel.

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Uma recente mostra desse tipo de abordagem está na série Cem Monas, em que reproduz 100 vezes a obra de Leonardo da Vinci, um retrato ao lado do outro, todos manipulados por ele, com a aplicação de acessórios comprados em lojas populares do Rio e São Paulo, onde ele viveu até o fim dos anos 90, foi ao estádio inúmeras vezes para ver jogos do seu time do coração, o Corinthians, e lecionou por duas décadas na Fundação Armando Álvares Penteado. Em tempo: sua obra O Porco pode ser vista na Pinacoteca.

Uma das cem Monalisas: debate sobre o mercado da arte e reproduções com objetos corriqueiros dentro do museu (Reprodução/Veja SP)
Leirner e suas Monalisas: as cem versões foram todas manipuladas por ele (Daryan Dornelles/Veja SP)
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