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“PornoteoBrasil”: uma geração decepcionada com o presente

O dramaturgo Alexandre Dal Farra propõe uma reflexão sobre as consequências do fim do petismo no comportamento dos brasileiros em peça do Tablado de Arruar

Por Dirceu Alves Jr.
28 fev 2019, 16h58
Pornoteobrasil: o novo trabalho do Tablado de Arruar (Vitor Vieira/Divulgação)
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Junto ao grupo Tablado de Arruar, o dramaturgo Alexandre Dal Farra construiu um consistente painel sobre a situação política do Brasil nos últimos anos. A trilogia Abnegação, apresentada entre 2014 e 2016, mostrou diferentes pontos de vista sobre a ascensão e a derrocada do Partido dos Trabalhadores. O novo espetáculo da companhia, PornoteoBrasil, continua no caminho da radiografia do poder e propõe uma reflexão sobre as consequências do fim do petismo no comportamento dos brasileiros.

O foco da vez, porém, recai sobre jovens que viraram adultos em um período de estabilidade econômica e prosperidade. Cinco pessoas estão presas em um cenário de caos e destruição. Talvez tenham sido vítimas de um acidente ou de um atentado e, confusas, procuram reorganizar suas memórias para entender a situação.

+ Leia sobre “Peça do Casamento”.

Os personagens — representados por André Capuano, Alexandra Tavares, Gabriela Elias, Ligia Oliveira e Vitor Vieira — nasceram entre o fim da década de 70 e a primeira metade dos anos 1980. Estão lá, entre outros, o ex-estudante engajado dos tempos da faculdade, a garota ativa em protestos e acampamentos sociais e aquele que sempre se interessou por política mas nunca mergulhou na teoria. Em comum, eles não formatam um raciocínio crítico e desviam do assunto quando são cobrados.

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+ Leia crítica de “Nunca Fomos Tão Felizes”.

O realismo da primeira cena cede espaço a um tom anárquico. Em volta de uma mesa, os mesmos atores apelam para caracterizações delirantes em falas que se sobrepõem e dificultam uma comunicação. Eles lamentam a perda do poder aquisitivo, divagam sobre a rotina de exercício e exaltam a evolução tecnológica e o papel da religiosidade. A direção de Clayton Mariano e Dal Farra joga o elenco em uma trilha absurda que põe os personagens ora como crianças decepcionadas, ora na função de criaturas de caráter duvidoso facilmente manipuláveis (60min). 14 anos. Estreou em 21/2/2019.

+ Anexo da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Rua Três Rios, 363, Bom Retiro. Quinta a sábado, 20h. Grátis. Ingressos distribuídos uma hora antes. Até 6 de abril. Nesta sexta (1º), não haverá apresentação.

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