“Na Cama”: um homem, uma mulher e os personagens da vida real
Dirigida por Renato Andrade, a comédia dramática do chileno Julio Rojas investe em um tom híbrido, capaz de reforçar múltiplas intenções
A comédia dramática Na Cama, do chileno Julio Rojas, pode ser lida de várias formas. Daniela (papel de Cristiane Wersom) e Bruno (representado por Pedro Bosnich), bonitos, livres e desencanados, cruzam-se em uma festa de casamento, tomam alguns drinques e acordam em um motel. Aos poucos, os dois quebram a resistência, engatam um papo, transam de novo e vão sinalizando quais são os personagens que cada um deles desempenha na própria vida.
A montagem cai no gosto da plateia, que dificilmente sairá do teatro desapontada. O público romântico terá uma visão muito pessoal, assim como os descrentes no amor e os mais realistas encontrarão entrelinhas para interpretações particulares.
+ Em musical, Elza Soares atinge o patamar dos personagens atemporais.
O diretor Renato Andrade foi bastante hábil ao investir em um tom híbrido, capaz de reforçar múltiplas intenções e disfarçar uma exploração psicológica profunda. Daniela e Bruno não são julgados e absolvidos e, para isso, as limitações contam a favor. O timing cômico de Cristiane, difícil de ser descolado da personalidade da atriz, é bem explorado na primeira parte da peça, enquanto Bosnich economiza os recursos dramáticos para explorá-los no desfecho do personagem (65min). 16 anos. Estreou em 18/10/2018.
+ Teatro Viradalata. Rua Apinajés, 1387, Perdizes. Quinta, 21h. R$ 40,00. Até o dia 29.