“Aproximando-se de A Fera na Selva”: encenação literária
Os atores Gabriel Miziara e Helô Cintra Castilho são apoiados na dramaturgia de Marina Corazza em um exercício de metalinguagem
A diretora Malú Bazán recorreu a temas literários nas montagens de A Noite das Tríbades (2012) e Alice — Retrato de Mulher que Cozinha ao Fundo (2016). Aproximando-se de A Fera na Selva, seu trabalho atual, volta a desafiar a plateia, desta vez em uma encenação desenvolvida por meio de três focos. Os atores Gabriel Miziara e Helô Cintra Castilho são apoiados na dramaturgia de Marina Corazza em um exercício de metalinguagem.
A novela A Fera na Selva, publicada pelo americano Henry James, em 1903, serve de inspiração para o pilar inicial. Nele, Miziara e Helô interpretam os ficcionais John Marcher e May Bartram, amigos de uma vida inteira, incapazes de investir em um provável amor. Na sequência, a dupla representa James e a pouco conhecida romancista Constance Fenimore Woolson em uma reconstituição biográfica de contornos trágicos. A terceira parte quebra a barreira com o espectador e mostra os atores em um processo de composições de cada um desses personagens.
No conjunto, Miziara e Helô chamam atenção em virtude de uma narrativa detalhista, que descreve as cenas com minúcias quase didáticas, como se a ideia também fosse provocar o público a encontrar um complemento no original literário.
Se uma encenação mais inventiva é dispensada, existem, no entanto, dois momentos em que os intérpretes sobressaem e atingem a plenitude. Miziara brilha ao apresentar a angústia de James confrontado com o desejo homossexual, e Helô cria uma vigorosa imagem na reconstituição do desfecho de Constance (70min). 14 anos. Estreou em 1º/2/2018.
+ Centro Cultural São Paulo — Espaço Cênico Ademar Guerra. Rua Vergueiro, 1000, Paraíso. Quinta a sábado, 21h; domingo, 20h. Grátis. Ingressos distribuídos uma hora antes. Até 18 de março. Não haverá sessão neste sábado (17).