Centro de Controle de Zoonoses enfrenta dificuldades
Entre os problemas, há queda no número de doações de animais
Criado em 1973 e responsável por controlar a infecção pela raiva, além de doenças transmitidas por pombos, morcegos e mosquitos, entre outros, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), vinculado à Secretaria Municipal da Saúde, ficou marcado durante muito tempo pela chamada “carrocinha”. Seus funcionários recolhiam das ruas cães, gatos e outros animais munidos com redes e armadilhas.
As centenas de vítimas apanhadas mensalmente eram sacrificadas com uma injeção, caso não fossem reclamadas em três dias. Isso perdurou até 2008, quando uma lei estadual proibiu a eutanásia de pets saudáveis. O órgão conseguiu se livrar do estigma da crueldade, mas enfrenta hoje outros problemas.
Exemplo disso é a queda na quantidade de adoções de mascotes que vivem no endereço de Santana. Em 2013, arranjaram um lar 1 309 cachorros e felinos. No ano passado, essa cifra caiu para 1 198, quase 10% menos. Até outubro de 2017, a parcial era de 568.
Eventos especiais para estimular as pessoas a ficar com os bichos sumiram aos poucos do calendário. No primeiro semestre, faltaram viaturas para fazer o trabalho diário de retirada de animais das ruas (vale ressaltar que atualmente o órgão só recolhe bichos sem dono e que demonstram agressividade, ou estão em situação de risco, ou com suspeita de transmissão de doenças, ou em estado de sofrimento).
Em agosto, houve uma denúncia de que os gatos estariam sem comida adequada em razão do atraso de uma licitação. Na época, a ativista Luisa Mell chegou a visitar o lugar para se informar sobre o problema. Os próprios empregados e voluntários contribuíram com uma vaquinha para manter os pets bem alimentados.
O número de castrações realizadas na própria sede e junto às onze ONGs e doze clínicas veterinárias parceiras também viu dias melhores. Em 2013, contabilizou-se um pico de cerca de 117 000 procedimentos. No ano seguinte, essa marca despencou para aproximadamente 72 000.
Os índices anuais seguintes ficaram na média dos 93 000. Tutores, que têm direito a dez castrações anualmente, e protetores cadastrados reclamam de entraves e aumento do prazo até conseguir a cirurgia. “Nos últimos meses, é necessário esperar o dobro do tempo para garantir uma vaga, pelo menos duas semanas ”, queixa- se Aparecida de Souza, da ONG Tudo por Eles.
A prefeitura anunciou a inauguração de um centro de controle populacional para 2018, na Zona Sul, com capacidade de 1 000 cirurgias de castração gratuitas por mês, além de uma coordenadoria especial de proteção a animais domésticos, o que promete aliviar o quadro. Uma emenda do vereador Reginaldo Tripoli, de 3 milhões de reais, direcionada à Secretaria Municipal da Saúde na questão animal, também deve auxiliar na situação.
De acordo com os responsáveis pelo CCZ, o orçamento previsto para 2017 é praticamente o mesmo do ano passado, próximo de 20 milhões de reais. A quantidade de viaturas disponíveis sofreu uma redução temporária, e a empresa vencedora da licitação está dentro do prazo legal para repor a frota. Sobre o número de adoções, a administração diz que a cifra caiu acompanhando a queda da população do local.
Em um passado recente, o abrigo da Zona Norte acolhia 400 cães e 100 gatos. Atualmente, vivem ali 159 cães e 119 gatos, pouco além da metade da quantidade anterior. Uma portaria publicada em setembro de 2016 pediu a revisão da capacidade do alojamento com base no bem-estar animal.
Em vez de realizar as antigas festas para estimular a adoção, o órgão optou por concentrar esforços hoje na divulgação dos bichos disponíveis por meio de uma página na web e ainda no novo espaço expositivo, inaugurado em 2016, que é parte de uma obra orçada em 2,5 milhões de reais.
Os vinte canis e 25 gatis envidraçados trazem uma boa experiência de contato entre os interessados e os pets, ali em revezamento. O episódio da campanha para alimentação também é minimizado. “Enfrentamos um problema com o fornecimento de ração seca”, conta Rosane de Oliveira, gerente do CCZ. “Mas ninguém passou fome, pois havia estoque de ração úmida.” Ativistas da causa pet que conhecem o serviço, no entanto, não se satisfazem com as explicações. “Está faltando mais cuidado com os animais”, critica a protetora Andreia Freitas.
O centro na Zona Norte
Alguns números do órgão municipal
Doações
536 cachorros e 662 gatos ganharam um lar em 2016
Abrigo
Vivem no espaço de Santana 159 cães e 119 felinos
Castrações
Foram 89 840 procedimentos no ano passado