Yolanda Penteado: a Dama das Artes de São Paulo

Resenha por Julia Flamingo

Se o assunto é museu, Yolanda Penteado (1903-1983) não pode ficar de fora. Ela foi uma das principais figuras na criação de importantes instituições paulistanas — sua biografia, na verdade, confunde-se com a própria história da cidade. A mostra Yolanda Penteado: a Dama das Artes de São Paulo é um paralelo entre a vida dessa paulista de Leme, município a quase 190 quiômetros da capital, e o boom do cenário artístico dos anos 40 e 50. Exibe fotos garimpadas do arquivo familiar e de amigos, apresentadas em um totem, além de relatos em áudio de especialistas sobre o período. Membro de uma família quatrocentona, Yolanda era sobrinha de Olívia Guedes Penteado, baronesa do café e patronesse na década de 20. Durante sua juventude, foi amiga de Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, e arrancou suspiros do inventor Alberto Santos Dumont, a quem chamava carinhosamente de seu Alberto. Depois de seu casamento com Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, em 1947, Yolanda usou seu carisma e prestígio para pôr a metrópole no mapa internacional da arte. Ao lado do imigrante italiano, ajudou na fundação do MAM, em 1948, convencendo famílias abastadas a adquirir obras para sua coleção. Eles também organizaram as primeiras exposições da Bienal, fundada em 1951 e, até hoje, a mais importante do mundo, depois da de Veneza. Na segunda edição do evento, venceu a resistência de Picasso para conseguir o empréstimo de sua Guernica, emblemática tela que nunca havia deixado o MoMa, em Nova York. Yolanda foi ainda a principal figura na fundação do MAC, em 1962, para o qual doou seu acervo pessoal.

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