Void
- Direção: Alvise Camozzi e Beatriz Sayad
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Em 1987, o ator, diretor e dramaturgo Alvise Camozzi era um garoto de 13 anos e morava na Itália, seu país natal. Radicado no Brasil desde 2001, o artista não acompanhou o impacto do desastre conhecido como Césio 137, ocorrido em Goiânia naquele ano. O monólogo Void, criado com a colaboração de Letizia Russo, constrói narrativas sobre o acidente radioativo com base em depoimentos dos sobreviventes, pesquisas documentais ou o imaginário de quem só ouviu falar do fato, como Camozzi. Na época, dois jovens encontraram e venderam um aparelho de radiologia ao dono de um ferro-velho. Dentro dele, havia um pó azulado brilhante que atraiu a curiosidade da família do comerciante e se espalhou pela cidade. Foram confirmadas quatro mortes e mais de 1 000 pessoas afetadas. No palco, o ator representa essas diferentes situações em um espetáculo crítico em relação à fraca memória coletiva. O texto, bem amarrado e cheio de detalhes, exige grande atenção do espectador. Camozzi, no entanto, com seu discurso fluente e provocativo, conquista a plateia e, tanto como narrador como através de personagens, colabora para despertar a atenção sobre um acontecimento relativamente recente, porém esquecido. A experiência da peça pode ser complementada com uma instalação de vídeos e dispositivos sonoros em cartaz à tarde no local. Direção de Beatriz Sayad e do protagonista (75min). 14 anos. Estreou em 29/11/2018. Até 23/12/2018.