Um Olhar Sobre o Brasil
Resenha por Jonas Lopes
Surgida na primeira metade do século XIX, a fotografia possui o intuito primordial de eternizar o presente e, em consequência, transformá-lo em documentação do passado quando apreendida sob a perspectiva do futuro. Daí o particular sucesso de Um Olhar sobre o Brasil. A mostra, organizada pelo professor e fotógrafo Boris Kossoy, com curadoria adjunta da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, perpassa 170 anos da história do Brasil — de 1833 a 2003 — por meio de 400 obras. Textos explicativos didáticos e inteligentes norteiam a montagem cronológica. Dos trabalhos mais antigos, impressiona o amplo acervo dedicado ao período pré-republicano. Dom Pedro II surge em vários retratos, formais e informais. O desenvolvimento urbano, marcado pela arquitetura de Oscar Niemeyer, por exemplo, evolui ao mesmo tempo na geração de Geraldo de Barros, Thomaz Farkas e German Lorca, atentos à abstração geométrica. A exposição dedica-se também a personagens fundamentais (os modernistas de 1922, Villa-Lobos, Assis Chateaubriand, Candido Portinari) e, claro, aos principais acontecimentos políticos do país. Estão lá a Revolução de 1932, o Estado Novo, o regime militar e a luta pela volta da democracia. Em meio a tanto material, duas imagens sobressaem por captar a eterna relação de atraso e progresso: Claude Lévi-Strauss flagra um bonde e um punhado de bois dividindo uma rua paulistana em 1937, e Tuca Vieira, num registro famoso e recente, revela o contraste gritante entre um condomínio do Morumbi e a favela de Paraisópolis. De 13/11/2012 a 27/01/2013.