Terra Deu, Terra Come

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

Há dois atrativos no segundo longa-metragem do realizador mineiro: a escolha por um personagem simples e bastante rico e a linha tênue que mistura ficção com documentário — não fica evidente o que é verdade ou encenação. Em Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais, o cineasta encontrou Pedro Almeida, garimpeiro octogenário que, com sua memória prodigiosa, é capaz de relembrar causos fantásticos. Morador de uma humilde casa de pau a pique, esse proseador descendente de escravos também fica responsável por realizar os velórios e cortejos da região: só ele sabe entoar as cantigas em dialeto africano cantadas nos rituais fúnebres nos séculos XVIII e XIX. Ao evocar o universo de Guimarães Rosa, o diretor Rodrigo Siqueira pode tanto angariar fãs do escritor quanto afugentar grande parte da plateia. Além disso, a fita, embora curta, dá sinais de cansaço por ser repetitiva e não expandir seu limitado assunto. Num formato menor, renderia melhor. Estreou em 01/10/2010.

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