Teorema 21
- Direção: Luiz Fernando Marques
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 18 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Sediado na Vila Maria Zélia, o Grupo XIX de Teatro retoma o diálogo com a arquitetura da antiga vila operária do Belém. O novo espetáculo, Teorema 21, é encenado nas ruínas da escola, hoje desativada, onde estudavam os filhos dos moradores no começo do século passado. A degradação da instituição colabora para fortalecer a metáfora da adaptação criada por Alexandre Dal Farra em torno da obra homônima do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975) dirigida por Luiz Fernando Marques. Se a ambientação remete ainda às arenas das tragédias gregas, o ótimo elenco adota um realismo extremo para mostrar a derrocada moral sem freios de uma família burguesa. No drama, um casal (interpretado por Ronaldo Serruya e Juliana Sanches) volta com os filhos (vividos por Bruna Betito e Paulo Celestino) e a empregada (a atriz Janaina Leite) ao seu antigo lar e nada parece surpreender a rotina. A chegada de um estranho (o ator Rodolfo Amorim), que seduz um a um dos moradores, gera um atrito irremediável nessas relações. O clima de tensão não dá trégua ao espectador, assim como a crueza das cenas de violência e sexo. Em registros calculados, os atores dosam cada uma dessas intensões, evoluindo da apatia para a perplexidade até chegar algumas vezes ao desespero. Mesmo que os artistas transitem em torno do público, acomodado em banquinhos no cenário, o diretor Luiz Fernando Marques teve o cuidado para que não haja uma interação maior. A mensagem já é forte e pesada o suficiente para se exigir mais do espectador. Estreou em 22/1/2016.