Sou Toda Coração
- Direção: Elias Andreato
- Duração: 70 minutos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Depois do monólogo Jocasta (2013), a atriz Débora Duboc retoma a parceria com o diretor Elias Andreato em um espetáculo híbrido. Se na parceria anterior a dupla carregava na tragicidade do mito da mãe de Édipo e a artista soltava a voz em quatro canções criadas para a montagem, aqui é percorrido o caminho inverso — e mais arriscado. Sou Toda Coração pode ser defnido como um musical dramático, e são composições de Chico Buarque, Caetano Veloso, Noel Rosa, Waldick Soriano e Rita Lee que dão passagem à dramaturgia, apoiada em fragmentos de textos de Fernando Pessoa, Shakespeare e Clarice Lispector. Em comum, todos tratam de amor e mágoas guardadas, beirando o cafona sem disfarces. Na encenação, Débora representa uma cantora de cabaré que, acompanhada por um pianista (o diretor musical Jonatan Harold), mistura os versos com sua desordem íntima. O modelo é inspirado no teatro celebrizado pelos alemães Bertolt Brecht e Kurt Weill na década de 20 e consagrado no Brasil por “cantrizes” como Cida Moreira e Maria Alice Vergueiro, nos anos 70 e 80. Débora, no entanto, se sobrepõe quando esquece que está ali para cantar e deixa o talento de atriz dominar o palco. Ponto alto, a impactante interpretação de um trecho da peça Gota d’Água, imortalizada por Bibi Ferreira, seguida da canção-título de Chico, mostra que a protagonista surpreende pela afnação, mas pisa realmente firme ao encarnar as dores de personagens guiada pelo sentimento. Estreou em 28/10/2015. Até 10/12/2015.