Sobre Ratos e Homens
- Direção: Kiko Marques
- Duração: 100 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O drama Ratos e Homens, de John Steinbeck, revelou há seis décadas o diretor Augusto Boal no mítico Teatro de Arena. É difícil compreender por que o texto de 1937, tão aberto às releituras, tenha ficado esquecido por tanto tempo e só agora ganha oportunidade de redescoberta. Com o título de Sobre Ratos e Homens, a montagem comandada pelo encenador Kiko Marques reforça a visão realista do original ao sobrepor a individualidade ao idealismo e à amizade. Ricardo Monastero e Ando Camargo interpretam respectivamente os difíceis papeis de George e Lennie. Em um dueto afinado, eles imprimem empatia e consistência em dois papeis complementares em seus contrastes que facilmente poderiam escorregar na caricatura. O primeiro é baixo, franzino e prático; o segundo, tem força física, mas demonstra atraso intelectual e ingenuidade. Eles vivem de fazer bicos e sonham em ter a própria terra para garantir a sobrevivência. O emprego em uma fazenda reacende a possibilidade de concretização do ambicioso projeto. A presença de uma enigmática mulher (representada por Natallia Rodrigues), no entanto, surge como entrave para esse plano. Como diretor, Marques conseguiu um equilíbrio nas interpretações raro de se obter em um elenco numeroso, no caso de oito atores, e esse feito se deve basicamente ao respeito pela dramaturgia e o desvio de qualquer excesso. Nada parece mais importante que as palavras de Steinbeck e, assim, o recado é dado, aliviando qualquer tom panfletário em nome de um caráter humano. Com Luiz Serra, Gustavo Vaz, Cássio Inácio, Luciano Schwab e Tom Nunes. Estreou em 17/3/2016. Até 28/7/2016.