Refúgio
- Direção: Alexandre Dal Farra
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
A realidade sempre inspirou o dramaturgo e diretor Alexandre Dal Farra. Entre seus trabalhos significativos estão Mateus, 10, sobre um pastor que questiona as palavras pregadas, e a trilogia Abnegação, em torno dos conflitos estabelecidos dentro do PT rumo ao poder. É justamente por também parecer, à primeira vista, tão distante dessa objetividade que o drama Refúgio representa um avanço na obra do autor. Na trama, um casal (representado por Marat Descartes e Fabiana Gugli) começa a ter o cotidiano afetado por notícias inexplicáveis. Um amigo some, é tido como morto e, depois, visto em um supermercado. Os telefones de repente ficam mudos, uma tia decide vender um imóvel sem razão aparente e o dinheiro de um dos dois desaparece da conta bancária. Dal Farra valeu-se de elementos do teatro do absurdo e da obra do irlandês Samuel Beckett para escrever diálogos calcados nessa corrente, como forma de sacudir o espectador diante do incompreensível. Com exceção da personagem da enérgica Fabiana, aqueles representados por Descartes, André Capuano, Clayton Mariano e Carla Zanini agem como se vivessem uma normalidade, de modo apático e quase anestesiados. Da mesma maneira que a peça Insones, cartaz do Sesc Pinheiros, Refúgio é um oportuno retrato de um momento desprovido de perspectivas e no qual, para alguns, a alienação se torna a melhor proteção (80min). 14 anos. Estreou em 22/6/2018. Até 3/10/2018.