Poéticas do Mangue
Resenha por Jonas Lopes:
Na primeira metade do século passado, especialmente nas
décadas de 20 e 30, a região do Mangue, na Zona Portuária do
Rio de Janeiro, ficou famosa pelos bordéis e pela quantidade de
intelectuais que se reuniam neles. Esse momento serve de inspiração
para a mostra Poéticas do Mangue, em cartaz no Museu Lasar
Segall. Estão reunidas ali100 obras, de coleções públicas e
particulares, entre aquarelas, gravuras e pinturas. A influência
primordial da coletiva é o expressionismo alemão, escola
caracterizada pela consciência social e decidida a investigar os
limites da vida burguesa e, a partir daí, transgredi-los. Na Alemanha
do período entreguerras, a chamada República de Weimar (1919-
1933), a abundância de cabarés inspirou Otto Dix, George Grosz,
Walter Jacob e Otto Lange, todos representados na exposição devido
à influência exercida sobre o cenário artístico brasileiro. Lasar Segall marca presença com o álbum Mangue,
formado por desenhos assinados de 1925 a 1943 e cuja
primeira edição trazia textos introdutórios dos escritores
Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Jorge de Lima.
Emiliano Di Cavalcanti, por sua vez, teve incluído o conjunto
Fantoches da Meia Noite, de 1921. “Eles fazem abordagens
distintas de um mesmo tema”, diz o curador Fábio Magalhães.
“Segall tem uma postura engajada, vê tudo com distanciamento,
enquanto Di Cavalcanti explora elementos de boemia e
promiscuidade.” A lista de artistas traz ainda Cícero Dias,
Antonio Gomide e outros. De 01/04/2012 a 17/06/2012.